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Plenário da ONU lembra bagunça na sala de aula

Convidados assistem às reuniões da plenária da Rio+20 nesta segunda-feira (20) - Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Convidados assistem às reuniões da plenária da Rio+20 nesta segunda-feira (20) Imagem: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Mauricio Stycer

Do UOL, no Rio

20/06/2012 16h20

Enquanto Willy Telavi, primeiro-ministro de Tuvalu discursa, diplomatas do México tiram fotos, o adido militar de uma delegação africana desfila como se estivesse passando a tropa em revista, muita gente conversa ou grita ao telefone e, até, há quem fique de costas para o orador. Parece uma sala de aula, mas é o plenário da ONU, onde se realiza a Rio+20, Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável que vai até o dia 22.

Quem assiste ao encontro pela TV não faz ideia da bagunça. Programado para ser o primeiro a discursar, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, não apareceu. Em seu lugar foi escalado o presidente do Tajiquistão. Pediu apoio ao mundo para a criação de um fundo internacional destinado à proteção de geleiras.

Emomali Rahmon foi muito aplaudido ao final de seu discurso, mas um espectador mais atento logo se dá conta que os aplausos são protocolares. Mesmo quem não está prestando atenção aos discursos bate palmas. É a senha para a fila andar e vir o próximo mandatário.

O presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, falou por quase dois minutos quando foi interrompido. A tradução simultânea não estava funcionando. Teve que recomeçar.

Como num show de rock, telões gigantes, nas extremidades do palco, exibem a imagem de quem está discursando. Outras seis telas, de grandes proporções, espalham-se pelo enorme plenário.

Mas pouca gente olha. Flagrei diplomata navegando pelo Facebook, outro vendo um vídeo em seu iPad e um terceiro filmando os colegas, tudo enquanto o primeiro-ministro do Nepal, Baburam Bhattarai, reclamava que “o mundo hoje é mais injusto do que aquele que herdamos”.

Ouvindo a tradução simultânea, fiquei sem saber se foi exagero retórico do presidente do Sri Lanka, Mahinda Rajapaksa, ou erro de quem falava em português o anúncio de que o país “aplica o conceito de desenvolvimento sustentável há mais de 2.000 anos”.

Todo chefe de Estado ou de governo tem direito a discursar por cinco minutos. O presidente da mesa da ONU lembra o fato a todo momento, mas ninguém respeita o prazo. A sessão de abertura, programada para ir das 10h às 13h, começou às 10h30 e só terminou às 15h.

Esta foi apenas a primeira sessão. Serão três dias de discursos – e bagunça.