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Quase 200 países vão se reunir em Doha em busca da 'segunda fase' do Protocolo de Kyoto

Prédios ficam escondidos sobre a forte poluição do centro de Beijing, na China. O país asiático foi o principal poluidor em 2011, ano em que a quantidade de gases do efeito estufa na atmosfera atingiu um novo pico - David Gray/Reuters
Prédios ficam escondidos sobre a forte poluição do centro de Beijing, na China. O país asiático foi o principal poluidor em 2011, ano em que a quantidade de gases do efeito estufa na atmosfera atingiu um novo pico Imagem: David Gray/Reuters

Claire Snegaroff

Em Paris

23/11/2012 12h40

Confrontados com os sinais crescentes do aquecimento global e os apelos urgentes para uma ação concreta, cerca de 190 países vão se reunir na próxima segunda-feira (26) em Doha, no Catar, para avançar nas difíceis negociações para salvar o clima e lançar o 2º Ato do Protocolo de Kyoto.

"É necessário oferecer uma resposta mais rápida às mudanças climáticas, e isso é possível", declarou a diretora para o clima na ONU (Organização das Nações Unidas), Christiana Figueres, poucos dias antes da grande reunião de cúpula anual. "Em Doha, temos de garantir que vamos passar para o próximo nível."

A conferência acontecerá durante duas semanas, de 26 novembro a 7 de dezembro. No próximo dia 4, os negociadores serão acompanhados por mais de 100 ministros que devem chegar a um acordo, o próximo passo no árduo processo de negociações da ONU lançado em 1995.

Os alertas se multiplicaram nos últimos dias: o Banco Mundial advertiu para os risco de um aquecimento de 4 graus Celsius até 2060 e "a cascata de tragédias" que devem atingir os países pobres.

A quantidade de gases do efeito estufa na atmosfera atingiu um novo pico em 2011, e a ONU alertou que os esforços da comunidade internacional para conter o aquecimento global em 2 graus Celsius estão ainda mais longe de serem suficientes.

A meta de 2 graus Celsius fixada pela comunidade internacional é o máximo, segundo os cientistas, para evitar que o sistema climático dispare, com efeitos que acelerariam fortemente o aquecimento.

Uma das grandes questões a ser discutida em Doha será o 2º Ato do Protocolo de Kyoto, o único instrumento legalmente vinculante que compromete os países industrializados, com a notável exceção dos Estados Unidos, que nunca ratificaram, a reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Decisão simbólica

"O princípio de uma segunda fase de compromisso após 2012 foi acordada em Durban" - última cúpula da ONU sobre o clima que ocorreu no final de 2011 - e, "atualmente, é preciso avançar sobre a continuidade de Kyoto, os objetivos traçados", resumiu um negociador europeu.

É principalmente uma decisão simbólica. Com a retirada do Canadá, Japão e Rússia, o Kyoto 2 deve ser assinado apenas pela União Europeia e a Austrália, o que representa 15% das emissões globais de gases de efeito estufa.

"É um instrumento que não vai mudar grandes coisas no mundo real, mas sua extensão é importante para combater as dinâmicas, ainda muito pobres, de desconfianças dos países do sul ante os do norte", diz o negociador.

Um acordo global e mais ambicioso, desta vez envolvendo todos os países, inclusive os dois maiores poluidores do mundo, a China e Estados Unidos, deve ser assinado em 2015 para entrar em vigor em 2020. As discussões sobre a forma legal deste acordo e a repartição "igualitária" dos esforços devem iniciar em Doha.

Mas os países do sul, e principalmente as pequenas ilhas que são vulneráveis à elevação do nível do mar, não querem esperar mais oito anos para assumir compromissos mais firmes.

"É absolutamente essencial. O tempo claramente não está do nosso lado", declarou a representante da Aliança dos Pequenos Estados Insulares, Marlene Moisés. "Eu espero que a trágica experiência do furacão Sandy, por exemplo, leve os países mais relutantes para estas negociações para que se envolvam neste esforço."

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu agir rapidamente para "ver o que podemos fazer em curto prazo para reduzir as emissões de carbono". Mas a composição do Congresso sugere pouco espaço de manobra para medidas drásticas sobre esta questão.