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"Tirar Kyoto da mesa deixa um vácuo" nas metas climáticas, diz ministra Izabella

Carolina Gonçalves

Da Agência Brasil, em Brasília

29/11/2012 14h57

Há quatro dias, negociadores de países em desenvolvimento e de economias desenvolvidas buscam acordos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa a fim de evitar que o aquecimento do planeta continue produzindo grandes tragédias mundiais, como as enchentes e as extremas secas presenciadas nos últimos anos. Até o último dia da COP18, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que ocorre em Doha, no Catar, os representantes de quase 200 nações devem definir qual a meta de redução que cada país desenvolvido terá que cumprir nos próximos anos.

“Há um entendimento entre os países em desenvolvimento [G77 e a China] de que é importante termos um segundo período de compromissos do Protocolo de Kyoto”, explicou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que embarca para Doha no próximo domingo (2). Por enquanto, as negociações na COP18 seguem no nível técnico. Especialistas tentam alinhavar os principais pontos do debate sobre mudanças climáticas para que os ministros, a partir do dia 4 de dezembro, façam os últimos ajustes e assinem um documento final com os compromissos que vão valer a partir de janeiro do ano que vem.

A impressão de observadores é que as metas para o próximo período tendem a ser muito tímidas. Além de pontos polêmicos que estão longe de conclusões entre os negociadores, países como o Canadá, os Estados Unidos e a Nova Zelândia já declararam que não vão assumir compromissos obrigatórios.

Segundo Izabella Teixeira, a ausência desses países pode trazer alguma dificuldade política na definição dos novos caminhos para evitar que a temperatura do planeta suba além de 2 graus Celsius nos próximos anos. Esse limite de aquecimento é um compromisso firmado entre as economias desenvolvidas e em desenvolvimento para minimizar os prejuízos provocados pelas mudanças do clima. Segundo a ministra, a delegação brasileira vai buscar a conclusão do tratado.

“O que buscamos é que tenha um caminho que assegure Kyoto e o compromisso legalmente vinculante dos países envolvidos em relação à redução das emissões de gases de efeito estufa. Muitos países desenvolvidos fizeram sua parte e reduziram emissões, como [os da] União Europeia, que é a favor de um segundo período [do protocolo]. Mas tem países emissores, como Estados Unidos, que nunca ratificaram Kyoto”, lembrou.

Ao afastar o pessimismo de alguns especialistas que colocam em dúvida a conclusão dos debates em Doha, a ministra destacou que, “para o Brasil, esse [o Protocolo de Kyoto] é o único acordo que define o compromisso vinculante na questão climática para os países desenvolvidos”. “Tirar Kyoto da mesa deixa um vácuo, até que você tenha um acordo geral”, disse ela, ao mencionar a Plataforma Durban, acordada por todos os países no ano passado. Pelo documento, tanto economias desenvolvidas quanto as de países em desenvolvimento terão compromissos obrigatórios com a redução das emissões a partir de 2020.