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Estudo diz que países do hemisfério Sul também devem fazer esforços pelo clima

04/12/2012 18h38

Ainda que os países industrializados deixem de emitir gases com efeito estufa em 2030, os países em desenvolvimento também devem reduzir suas emissões para conter o aquecimento global em mais 2 graus Celsius, segundo relatório divulgado nesta terça-feira (4).

O estudo assinados pelos economistas Nicholas Stern, Mattia Romani e James Rydge reconhece a "desigualdade profunda" entre os países ricos, que "construíram seu crescimento utilizando combustíveis fósseis", e "os países pobres, que serão particularmente atingidos pelas mudanças climáticas". Mas este princípio - defendido pelos países emergentes para não receberem as mesmas exigências do hemisfério Norte - não deve "bloquear o progresso" para conter o aquecimento global.

No momento, os esforços da comunidade internacional são "perigosamente lentos", afirmam os autores, que advertem, ainda, para "o nível de risco imenso" no atual ritmo. "As mudanças climáticas que podem ocorrer irão muito além do que o homem moderno já conheceu", dizem.

Aritmética do clima

Segundo o estudo, para ter uma oportunidade "razoável" de evitar um aquecimento de mais 2 graus Celsius, marca para além da qual os cientistas dizem que o sistema climático pode se acelerar, seria preciso reduzir as emissões de gases de efeito estufa de 50 bilhões de toneladas por ano a 35 bilhões de toneladas em 2030.

"Com base nas ações lançadas atualmente, os países em desenvolvimento devem emitir entre 37 bilhões e 38 bilhões de toneladas em 2030, enquanto as emissões dos países ricos seriam de 11 bilhões e 14 bilhões de toneladas", ou seja, dois terços do total contra um terço em relação às emissões de 1990, segundo o estudo.

"A aritmética para chegar a +2ºC é muito clara: os países em desenvolvimento deverão fazer um maior esforço, inclusive se os países desenvolvidos reduzirem suas emissões a zero em 2030", afirmam os autores. "Atualmente, a China representa 25% das emissões de gases de efeito estufa no mundo, contra os 17% dos Estados Unidos e 11% da União Europeia."

Em seu conjunto, a comunidade internacional "atua como se as mudanças fossem muito difíceis e caras", afirmam os autores, que também criticam "a rigidez do processo de negociações na ONU e a atitude de alguns dos participantes".

O estudo, no entanto, ressalta "os fortes sinais de atividade e criatividade em todo o mundo". "Acelerar o ritmo das mudanças em direção a uma economia com baixos níveis de carbono é, ao mesmo tempo, factível e crucial, e, com os incentivos adequados, uma transformação rápida é possível, inclusive em setores como a energia, que requerem muitos capitais".

As negociações conduzidas pela ONU (Organização das Nações Unidas) na COP 18, cúpula do clima que ocorre em Doha, no Catar, devem culminar com um acordo global para 2015 que compromete todos os países na luta contra as mudanças climáticas - e não apenas os países industrializados, como é o caso do Protocolo de Kyoto, cuja a segunda fase deve ser firmado na cúpula deste anoem Doha. 

O estudo foi publicado pelo Grantham Research Institute on Climate Change and the Environment e pelo Centre for Climate Chance Economics 
and Policy, no âmbito das negociações sobre a luta contra as mudanças climáticas.