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Conheça os riscos do sobrepeso para animais de estimação

Veterinária mostra gato de dois anos obeso, nos Estados Unidos - Santa Fe Animal Shelter, Ben Swan/AP Photo
Veterinária mostra gato de dois anos obeso, nos Estados Unidos Imagem: Santa Fe Animal Shelter, Ben Swan/AP Photo

Julia Vergin

Da Deutsche Welle

04/01/2018 16h12

Um pedaço de linguiça aqui, uma guloseima ali: muitos donos acabam exagerando na hora de alimentar o animal de estimação, causando obesidade e doenças. Entenda por que não se deve conquistar o pet pelo estômago.

Se visto de cima, seu labrador, pug ou gato parecer um tonel, você precisa admitir que seu animal de estimação está gordo demais. Na Alemanha, por exemplo, entre 40% e 60% dos pets estão acima do peso, e a tendência dessa taxa é de alta.

Assim como acontece com os humanos, gordura demais é mais que um problema meramente estético. Os fiéis companheiros sofrem cada vez mais com problemas causados por sobrepeso e obesidade. Os quilos a mais são, literalmente, um peso na vida dos bichos. Paradoxalmente, o principal motivo para o sobrepeso do animal doméstico é uma estranha expressão de amor.

"Alimentar o animal de estimação é uma necessidade humana", diz Kathrin Irgang, veterinária e consultora de nutrição para cães, gatos e cavalos. "Muitos donos expressam o seu amor pelo bichinho dessa forma e, por isso, nem querem saber de dar menos comida", explica.

Com a comida em excesso, diz Irgang, os animais que mais engordam são os mais velhos e os castrados, cujo metabolismo ficou mais lento, ou os que só conseguem se movimentar de forma restrita devido a problemas nas juntas.

Além do amor expressado de maneira equivocada, a falta de limites e a ignorância são fatores decisivos na hora de alimentar o pet. "Em algumas casas, a tigela de comida está sempre cheia. Assim, não dá para saber o quanto exatamente o animal comeu durante o dia", alerta a veterinária.

De boas intenções...

Irgang diz que a obesidade dos animais domésticos é uma problema de luxo, e as consequências também são as mesmas que para os humanos. Problemas já existentes nas juntas de cães e gatos ficam maiores com o sobrepeso, por exemplo. Muitos bichos desenvolvem diabetes. Irgang diz já ter visto gatos tão gordos que não conseguiam mais alcançar todas as partes do corpo quando queriam lambê-las para limpá-las – o que causou infecções cutâneas.

As doenças cardiovasculares também estão aumentando. Segundo a experiência da veterinária, cachorros, gatos e cavalos são os animais domésticos que mais sofrem com o sobrepeso e seus efeitos.

Apesar de os animais darem sinais claros de que sofrem com o excesso de gordura, muitos donos costumam resistir a mudanças no comportamento. De acordo com Irgang, o maior desafio é deixar claro para os donos que seu pet tem um problema sério.

"Sempre tento argumentar com o Body Condition Score (BCS)", diz a consultora, referindo-se a uma escala usada para avaliar a condição física de animais – especialmente gado.

Com a ajuda da escala, tanto veterinários quanto amadores podem reconhecer o acúmulo de gordura no tronco do animal doméstico, avaliando se o pet está gordo demais. Seguindo esse método, as costelas do animal também devem poder ser tocadas sem grande dificuldade. Olhando de lado, a barriga precisa traçar uma linha para cima entre o tórax e o quadril – e não estar "pendurada" para baixo. E, olhando de cima, o animal não pode parecer um tonel, e sim ter uma cintura definida para passar no teste.

Dieta por amor

Num primeiro momento, Irgang passa lições de casa aos donos dos pets. Preenchendo um formulário, as pessoas precisam listar exatamente o que dão de comer aos animais durante o dia. "Muita gente acaba 'esquecendo' as guloseimas", diz a veterinária. Porém, frequentemente essas são as maiores bombas calóricas, segundo a especialista.

Em seguida, ela elabora um plano de nutrição e de atividades físicas para o pet. Mas, também aqui, nada funciona sem a disposição do dono de realmente ajudar o bicho – não adianta nada ter a mais ambiciosa das metas se o plano é abandonado já duas semanas depois do início.

"A dieta do animal sempre tem que ser adaptada ao dia a dia dos donos", explica Irgang, que destaca que o processo de emagrecimento é individual. "Muitos animais têm queixas extras, como alergias a certos tipos de alimento, que precisam ser levadas em consideração na escolha da comida", diz.

Basicamente, aqui também vale o mesmo princípio que vale para os humanos: uma combinação de exercícios com comida saudável faz com que o animal volte a entrar em forma. Além disso, é preciso ser persistente. "Entre três e seis meses são um período realista para uma dieta", avalia a veterinária.