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Funai diz que aeronave que desapareceu com 7 índios fazia voo clandestino

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

05/12/2018 14h52

Desaparecida desde o último domingo (2) em área de difícil acesso na Floresta Amazônica, a aeronave que faria o trajeto entre a aldeia Mataware, no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, e o município de Laranjal do Jari, ambas localidades do Amapá, não tinha registrado junto ao controlador aéreo da região e, portanto, fazia um voo clandestino, informou hoje a Fundação Nacional do Índio (Funai).

A aeronave transportava oito pessoas - o piloto e sete indígenas -, enquanto tinha capacidade para transportar sete. O avião é privado e foi fretado por uma pessoa em Laranjal do Jari, cuja identidade não foi revelada.

Sem registro, nem trajeto da aeronave arquivados, as buscas estão ocorrendo por suposição, em uma área na divisa entre o Pará e o Amapá. O trecho é classificado como área remota por ser de mata fechada.

A área provável em que o avião desapareceu pertence ao município de Almerim (Pará), próximo à aldeia Bona, onde existe uma pista de pouso construída pela FAB (Força Aérea Brasileira) na década de 60. As autoridades acreditam que o piloto pode ter tentado usar a pista para realizar um pouso de emergência. A FAB iniciou as buscas na segunda-feira, usando uma aeronave C-130. A operação é coordenada pelo Salvaero de Manaus (AM).

“Estamos fazendo uma busca cega. Se houvesse o registro do voo feito pelo piloto na autoridade aeronáutica, as buscas poderiam ter alçando sucesso porque teríamos o acompanhamento do trajeto”, explicou o chefe de gestão ambiental e territorial da Funai, Marcos Velho, destacando que apesar de parecer chocante o termo “clandestino”, o plano de voo que não é informado ao controlador aéreo está “irregular e é clandestino”.

A Funai disse que é comum índios usarem aviões para se locomover na região Norte, devido a dificuldade de acesso às aldeias. Na região amazônica existem muitas pistas de pouso abertas por fazendeiros e antigos garimpeiros, que datam a década de 60 e 70, e que ainda são usadas.

“Eles fretam avião para resolver tudo, seja algo bancário, benefícios do INSS, compras e até ir para consultas médicas. O frete custa cerca de R$ 2.500, e esses voos nunca são informados ao controlador aéreo”, contou Velho.

O desaparecimento

O avião Embraer Minuano, de prefixo PT-RDZ, levava índios da etnia Tiriyó. A viagem iniciou no município de Laranjal do Jari (AP), levando um grupo de índios para a aldeia Mataware, no parque Tumucumaque, localizado entre o extremo oeste do Amapá e o norte do Pará. Na volta, a aeronave também viajava com outro grupo de índios, que iria para Laranjal do Jari.

Aproximadamente 25 minutos depois de decolar, às 12h06 do último domingo, o piloto avisou que a aeronave estava com problema e precisava fazer um pouso de emergência. Em seguida, houve perda de comunicação e não se sabe se o avião caiu ou o piloto conseguiu realizar o pouso forçado.

“Aparentemente, a viagem de ida teria ocorrido normalmente. No retorno, o piloto entrou em contato com sua central relatando alguma pane no sistema, que o obrigaria a realizar um pouso forçado. Desde então, não há mais informações”, disse a Funai.

Até agora, o motivo da viagem e a identidade dos passageiros e piloto não foram informados. O nome do proprietário do avião também não foi divulgado.