Topo

Ex-presidente do Ibama critica ação do governo em crise de óleo no Nordeste

Manchas de óleo na praia de Feliz Deserto, em Alagoas - Raquel Grison/Laboratório de Morfologia Sistemática e Ecologia de Aves do Museu de História Natural da Ufal
Manchas de óleo na praia de Feliz Deserto, em Alagoas Imagem: Raquel Grison/Laboratório de Morfologia Sistemática e Ecologia de Aves do Museu de História Natural da Ufal

Do UOL, em São Paulo

22/10/2019 09h53

Em entrevista ao jornal El País publicada ontem (21), Suely Vaz de Araújo, a ex-presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), criticou a demora do Governo Bolsonaro em reagir rapidamente à crise ambiental erada pelo vazamento de petróleo no litoral brasileiro.

A ambientalista acredita que o governo não tem atuado de forma efetiva no caso, principalmente como liderança.

"O Ministério do Meio Ambiente é a autoridade máxima na condução dos trabalhos, de acordo com o plano. Mas a sensação é de que falta Governo, falta liderança, na hora de acionar Estados, municípios e comunidades afetadas. Em emergências desse tipo é preciso tornar tudo absolutamente público e transparente. A população pode e deve ajudar, mas deve ser orientada a isso. As ONGs e comunidades locais já estão ajudando, mas é necessário que o Governo atue efetivamente como Governo, como liderança", disse.

Suely Vaz de Araújo afirma que ainda é impossível saber quais serão os efeitos do vazamento de óleo. Ela, no entanto, diz que a situação não voltará completamente ao normal.

"Os danos ao meio ambiente precisam ser estudados e não é algo simples. Você limpa a praia, mas não sabe o que acontece em termos de meio ambiente marinho. É preciso saber a extensão do óleo e o que se conseguiu retirar. Isso demanda estudos para minorar os danos e ver as medidas necessárias. Mas é impossível voltar completamente à situação anterior, algum dano sempre existe", analisa.

A ambientalista aumentou o tom das críticas ao dizer que o governo atual tem uma postura de "desconstrução".

"Esse Governo entra com uma postura de desconstrução do que vinha sendo feito. A lei nacional de política do meio ambiente, de 1981, é um marco importante porque estruturou o sistema nacional do meio ambiente e consagrou o licenciamento ambiental [...] Esse Governo quer romper e reformular tudo isso, mas ainda não estruturou nada para colocar no lugar. Ele está deixando de fazer ações importantes na área de proteção ambiental sem substituir por outras ferramentas. Uma das críticas do atual Governo é que a política ambiental é muito baseada em comando e controle, no que diz respeito a normas e sanções para descumpri-las", disse.