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Navio grego suspeito de derramar óleo no Nordeste está na África do Sul

O navio Bouboulina, investigado pelo derramamento de óleo nas praias do Nordeste - C. Plague/Fleetmoon
O navio Bouboulina, investigado pelo derramamento de óleo nas praias do Nordeste Imagem: C. Plague/Fleetmoon

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

01/11/2019 20h21

O navio grego Bouboulina, suspeito de ser a origem do vazamento de óleo que atinge o Nordeste brasileiro, estava na costa da África do Sul no começo da noite de hoje, segundo sites de monitoramento de tráfego marítimo.

Por volta das 19h20 (horário de Brasília), serviços como VesselFinder, Vesseltracker, MarineTraffic, Fleetmon e MyShipTracking indicavam que o Bouboulina navegava em direção ao Oceano Índico.

De acordo com o MarineTraffic, a última parada do Bouboulina foi no terminal de Qua Iboe, na Nigéria, no dia 23.

Outros sites como MyShipTracking e VesselFinder anotaram uma parada do navio na cidade sul-africana de Durban, nos dias 8 ou 9.

O VesselFinder também traz registros de paradas anteriores do Bouboulina. Antes de atracar em Durban, o navio teria passado por Singapura no dia 16 de setembro -- mesmo trajeto informado hoje pela Polícia Federal ao anunciar a suspeita de vazamento de óleo a partir da embarcação.

Inquerito detenção - Reprodução - Reprodução
Documento no inquérito sobre o navio Boubolina aponta que ele foi detido em 29 de abril na Filadéfila, nos EUA
Imagem: Reprodução

Passagem pela Venezuela

A Polícia Federal também diz que o Bouboulina atracou na Venezuela em 15 de julho, "onde permaneceu por três dias" antes de seguir rumo a Singapura e à África do Sul. O óleo encontrado no litoral do Nordeste é de origem venezuelana, segundo a Petrobras.

O site Vesseltracker traz um registro de uma parada de três dias do Bouboulina justamente a partir de 15 de julho. O mesmo serviço também exibe paradas do navio nos dias 3 e 8 de setembro, além do dia 8 deste mês. No entanto, o Vesseltracker não informa publicamente os locais das paradas.

Os serviços de monitoramento de tráfego marítimo usam dados do sistema AIS, rastreamento via satélite exigido pela IMO (Organização Marítima Internacional) para a navegação comercial.

Se de fato o Bouboulina atracou na Venezuela, mas não há registros pelo AIS, é possível que o equipamento que permite a localização do navio estivesse desligado quando atracou no país — resta saber por que motivo.

O site TankerTrackers, que rastreia navios petroleiros usando também imagens feitas por satélite, divulgou hoje uma foto aérea do que seria o Bouboulina no porto de José, na Venezuela. "Conseguimos identificar o navio por meio de pistas, mas não temos evidências do vazamento", informou o site em sua conta no Twitter.

O TankerTrackers faz uma ressalva quanto à suspeita sobre o Bouboulina. "Não vimos nada nada que sugira uma transferência de óleo entre navios, já que esta embarcação estava seguindo sem parar, em uma velocidade constante, rumo ao Oriente via África do Sul."

A exportação de petróleo pela Venezuela, que tem uma das maiores reservas do mundo, tem sido duramente afetada pela imposição de sanções econômicas pelos EUA, que não reconhecem o governo de Nicolás Maduro. Com as sanções, são poucos os navios-tanque que se arriscam a transportar petróleo venezuelano —ao menos formalmente.

De acordo com informações disponíveis no site da Delta Tankers, empresa dona do Bouboulina, o navio foi construído em 2006 e capacidade bruta de carregamento de 84,8 mil toneladas.

O UOL não conseguiu contato com a Delta Tankers. À agência Reuters, a empresa disse que não foi contatada pelas autoridades brasileiras. "Nem a Delta Tankers nem a embarcação foram contatadas pelas autoridades brasileiras em relação a essa investigação", afirmou em nota.