França busca parceria com Estados brasileiros para Amazônia, contornando Bolsonaro
A França e um grupo de Estados brasileiros planejam anunciar uma parceria para preservar a floresta amazônica, informou o líder do grupo hoje, contornando o governo federal do Brasil após um atrito entre os presidentes dos dois países.
O governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), que lidera o consórcio dos nove Estados que compreendem a vasta região amazônica brasileira, disse à Reuters que a parceria será anunciada na Cúpula do Clima da ONU em Madri nesta semana e incluirá outras iniciativas destinadas a cortar as emissões de gases do efeito estufa.
A ocorrência de incêndios e queimadas na porção brasileira da floresta, que representa 60% da Amazônia total e é vista como um baluarte contra as mudanças climáticas, saltou para o maior número desde 2010. As queimadas generalizadas provocaram um clamor internacional de que o Brasil não estaria fazendo o suficiente para proteger suas florestas.
O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu ações urgentes para combater os incêndios e rapidamente se envolveu em uma guerra verbal com o presidente Jair Bolsonaro.
Macron acusou Bolsonaro de mentir aos líderes mundiais sobre o comprometimento do país para preservar o meio ambiente. Em um determinado momento, Bolsonaro chegou a insultar a esposa de Macron e disse que só aceitaria os 20 milhões de dólares em auxílio oferecido pelo G7, grupo que reúne os países mais desenvolvidos do mundo, se Macron retirasse seus "insultos".
Góes disse que os nove Estados brasileiros anunciarão na terça-feira um mecanismo que permitirá que países estrangeiros contribuam diretamente com projetos estaduais para preservar a Amazônia.
Ele disse ter procurado diversos governos europeus para solicitar financiamento para tais iniciativas.
A parceria não-vinculante com a França poderia estabelecer o caminho para que o país disponibilize eventual apoio financeiro para projetos ambientais estaduais, disse. Não ficou claro se as negociações irão avançar o suficiente na cúpula para que a França anuncie uma quantia específica com a qual poderia contribuir, acrescentou Góes.
Um porta-voz da delegação francesa na conferência se recusou a comentar o assunto imediatamente.
Ambientalistas culpam Bolsonaro pela maior alta nos números do desmatamento nos últimos 11 anos por conta de sua política de priorizar o desenvolvimento da região sobre sua preservação.
"Hoje, no Brasil, o presidente da República tem como agenda oficial a exploração da Amazônia", disse Nara Bare, uma representante indígena brasileira em um protesto realizado do lado de fora do local onde acontece a cúpula em Madri, que deve ser concluída na próxima sexta-feira.
Bolsonaro já disse que a imprensa faz sensacionalismo com os incêndios na região amazônica para demonizá-lo.
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