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Chefe do ICMBio deixa cargo por desacordo com Salles sobre ação no Pantanal, dizem fontes

Salles criticou a atuação do ICMBio no combate às queimadas em conversas com fazendeiros da região, o que teria incomodado Homero Cerqueira - Fabiano Maisonnave/Folhapress
Salles criticou a atuação do ICMBio no combate às queimadas em conversas com fazendeiros da região, o que teria incomodado Homero Cerqueira Imagem: Fabiano Maisonnave/Folhapress

Lisandra Paraguassu e Jake Spring

Da Reuters, em Brasília

20/08/2020 23h06

O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Homero Cerqueira, deixou o cargo hoje, depois de entrar em desacordo com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre a atuação da agência no combate aos incêndios no Pantanal, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto.

De acordo com uma das fontes, a decisão foi tomada depois de uma reunião entre Salles e Cerqueira hoje.

Na terça-feira (18), o ministro foi ao Mato Grosso do Sul verificar os incêndios que se espalham pelo Pantanal e já destruíram cerca de 10% da cobertura vegetal da região, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Salles criticou a atuação do ICMBio no combate às queimadas em conversas com fazendeiros da região, o que teria incomodado Cerqueira, disse a fonte.

Coronel da Polícia Militar de São Paulo, Cerqueira é o segundo presidente do instituto a deixar o cargo em pouco mais de um ano e meio de governo Bolsonaro. Ele assumiu o cargo em maio do ano passado, no lugar do ambientalista Adalberto Eberhard, que pediu demissão depois de uma visita ao Parque Nacional da Lagoa do Peixe (RS) em que Salles ameaçou abrir processos administrativos contra servidores que não teriam comparecido ao evento em que ele estava.

O policial militar foi o responsável por colocar em prática uma reestruturação do ICMBio planejada por Salles que centralizou a gestão do órgão e colocou na mão de militares e policiais quatro das cinco gerências criadas então.

Ele chegou a ter seu nome ventilado como um possível sucessor de Salles em julho deste ano, quando a saída do ministro era dada como certa por aliados do governo depois de vários problemas, mas o presidente Jair Bolsonaro decidiu bancar sua permanência.