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Mourão e Salles atacam DiCaprio após críticas do ator sobre Amazônia

Do UOL, em São Paulo*

19/08/2020 13h15Atualizada em 19/08/2020 19h58

O vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, rebateram o ator Leonardo DiCaprio sobre as críticas feitas à postura do governo brasileiro em relação à Amazônia. Na última sexta-feira (14), o ator norte-americano compartilhou um texto condenando desmatamento na Amazônia e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Em pronunciamento no Fórum Mundial Amazônia +21, Mourão, que também é coordenador do Conselho da Amazônia, fez um convite em tom de ironia a Leonardo DiCaprio.

"Eu gostaria de convidar o nosso mais recente crítico, o nosso ator Leonardo DiCaprio, para ir comigo aqui a São Gabriel da Cachoeira para fazermos uma marcha de oito horas pela selva entre o aeroporto de São Gabriel e a estrada de Cucuí. Ele vai aprender em cada socavão que ele tiver que passar que a Amazônia não é uma planície e aí entenderá melhor como funcionam as coisas nessa imensa região", disse.

Já Ricardo Salles, em entrevista ao programa "Jornal da Manhã", da rádio Jovem Pan, falava sobre o programa "Adote um Parque" quando afirmou que DiCaprio poderia opinar caso ajudasse financeiramente o país.

"Eu acho que o Leonardo DiCaprio deveria cuidar das coisas do país dele, da turma dele, inclusive do pessoal do meio artístico, que tem muito recurso, mas investe muito pouco na proteção ao meio ambiente", disse Salles.

"Eu quero ver se o DiCaprio vai adotar uma delas [unidades de conservação na Amazônia]. Se ele adotar, ele passa a ter legitimidade para dar palpite na terra dos outros. Quem quer dar palpite tem que por a mão no bolso, palpite de graça a gente nem responde", acrescentou.

O programa "Adote um Parque", que ainda não foi assinado por Bolsonaro, vai permitir que pessoas físicas e jurídicas, brasileiras e estrangeiras, patrocinem a manutenção das 132 unidades de conservação na Amazônia.

Ricardo Salles ainda afirmou que já existem cerca de dez empresas e "alguns bancos" interessados em patrocinar os parques.

Mourão rebate críticas

Em sua participação no fórum, Mourão também afirmou que não há exportação ilegal de produtos saindo da Amazônia e ainda rechaçou acusações de que os brasileiros seriam os "vilões da sustentabilidade".

"Não existe essa situação de que o Brasil está exportando para o resto do mundo produtos que saem ilegalmente da floresta. Se isso ocorre é numa porcentagem ínfima", completou, afirmando ainda que a agropecuária da região amazônica não tem participação significativa nacionalmente.

Mourão afirmou que apenas reprimir ilícitos ambientais na Amazônia é insuficiente e defendeu um novo modelo de desenvolvimento para a região baseado na pesquisa e em informação em cima da rica biodiversidade.

O vice-presidente disse que espera como um dos resultados para o Conselho da Amazônia afirmar a soberania do país sobre aquela região. Quer também chegar ao fim do ano com um resultado positivo com a redução nas queimadas e impedir o prosseguimento no desmatamento ilegal no local.

Apesar da operação de Garantia da Lei e da Ordem conduzida por militares na região amazônica desde maio, as queimadas começam a dar sinais que podem disparar, com algumas regiões registrando um crescimento de focos de incêndio.

Grandes empresas brasileiras, com negócios no exterior, também estão preocupadas com ações de desmatamento na região e têm feito pressão por medidas de órgãos públicos.

Mourão destacou ainda esperar que até o final do ano seja possível avançar na proposta de regularização fundiária das terras da Amazônia.

*Com informações da agência Reuters