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Cacique Raoni diz a Biden que Bolsonaro mente e pede para ignorá-lo

O líder kayapó, que tem cerca de 90 anos, é internacionalmente conhecido pela sua luta em defesa da preservação da Amazônia - Nicolas Tucat/AFP
O líder kayapó, que tem cerca de 90 anos, é internacionalmente conhecido pela sua luta em defesa da preservação da Amazônia Imagem: Nicolas Tucat/AFP

Em São Paulo

16/04/2021 10h56

O cacique brasileiro Raoni Metuktire pediu ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para ignorar seu par Jair Bolsonaro (sem partido), em uma mensagem divulgada um dia após Brasília publicar uma carta para Washington confirmando seus objetivos ambientais.

"Ele tem dito muitas mentiras", disse o conhecido líder indígena no vídeo divulgado pelo Instituto Raoni hoje.

"Se este presidente ruim falar alguma coisa para o senhor, ignore-o (...). Ele [Bolsonaro] está querendo liberar o desmatamento nas nossas florestas, incentivando invasões nas nossas terras", acrescentou.

O líder kayapó, que tem cerca de 90 anos, é internacionalmente conhecido pela sua luta em defesa da preservação da Amazônia.

Raoni pede ajuda a Biden para "encontrar um caminho, uma solução para preservar o meio ambiente".

"Estou triste por saber que tudo o que eu tenho feito em prol do meio ambiente está cada dia mais ameaçado".

Na quinta-feira, a Presidência divulgou uma carta de sete páginas, antes da cúpula dos Chefes de Estado sobre a mudança climática que acontecerá em 22 de abril, na qual Bolsonaro diz estar disposto a trabalhar para cumprir as metas ambientais do país no Acordo de Paris, e para isso pede recursos da comunidade internacional.

A destruição da floresta amazônica, recurso fundamental no combate à mudança climática, aumentou durante a gestão de Bolsonaro.

Em 2019, durante seu primeiro discurso na ONU (Organização das Nações Unidas), Bolsonaro disse que Raoni era usado por governos estrangeiros para impulsionar seus interesses na Amazônia e questionou sua liderança.

Raoni, por sua vez, contestou várias vezes as posições de Bolsonaro, que defende a exploração da mineração e da agropecuária em reservas naturais e terras indígenas.

Em janeiro, o emblemático defensor da Amazônia pediu ao TPI (Tribunal Penal Internacional) para investigar Bolsonaro por "crimes contra a humanidade", por "perseguir" os indígenas, destruir seu habitat e ignorar seus direitos.

"Me ajude e eu também vou te ajudar, para que possamos conseguir somente coisas boas. Eu não sei falar seu nome, mas o meu nome o senhor já conhece. Me chamo Raoni. Não estou aqui de brincadeira. Sempre lutei pela permanência desta floresta", disse o cacique no vídeo gravado em sua língua, com legendas em português e inglês.