EUA saúdam compromisso do Brasil sobre desmatamento, mas pedem 'ações imediatas'
Os Estados Unidos saudaram ontem (16) a promessa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de pôr fim ao desmatamento ilegal na Amazônia até 2030, mas pediram "ações imediatas" para alcançar "resultados concretos".
"O fato de o presidente Bolsonaro ter confirmado o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal é importante", disse o enviado especial do presidente americano, Joe Biden, para o clima, John Kerry.
"Esperamos uma ação e um diálogo imediatos com as populações indígenas e a sociedade civil para assegurar que este anúncio se traduza em resultados concretos", acrescentou em um tuíte.
Na quinta-feira (15), Bolsonaro enviou uma carta ao colega americano, na qual reiterou seu "compromisso de erradicar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030", um compromisso assumido pelo país ao assinar o acordo climático de Paris em 2015.
Em sua carta, deu seu "apoio inequívoco aos esforços realizados" pelo novo presidente americano.
O presidente esclareceu, no entanto, que este objetivo poderá ser alcançado somente "com recursos significativos" e que espera contar com "todo o apoio possível" da comunidade internacional, das empresas e da sociedade civil.
Muito mais próximo do ex-presidente Donald Trump do que da atual administração democrata nos Estados Unidos, Bolsonaro participará, em 22 e 23 de abril, da cúpula climática virtual liderada por Biden, com cerca de 40 líderes mundiais.
Em entrevista à AFP na sexta-feira, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que, se o Brasil receber US$ 1 bilhão em ajuda da comunidade internacional poderá reduzir até em 40% o desmatamento ilegal da selva amazônica.
Segundo Salles, esta ajuda serviria para fortalecer "as ações de comando e controle" do desmatamento e de outras atividades ilegais e, "ao mesmo tempo, para criar uma alternativa econômica" para as 23 milhões de pessoas que vivem na região amazônica (norte).
Desde a chegada ao poder - no começo de 2019 - de Bolsonaro, favorável à exploração de minérios e agropecuária em reservas naturais e territórios indígenas, o desmatamento e os incêndios florestais na Amazônia alcançaram níveis preocupantes.
Entre agosto de 2019 e julho de 2020, o desmatamento aumentou 9,5% em comparação com os 12 meses anteriores, com uma área desmatada equivalente à da Jamaica.
As políticas ambientais do governo Bolsonaro são regularmente criticadas por ambientalistas, que estão particularmente preocupados com os cortes drásticos de orçamento e pessoal em instituições ambientais como o Ibama.
O presidente já teve discussões acaloradas com o presidente francês, Emmanuel Macron, quando incêndios florestais devastaram grandes áreas da Amazônia em 2019.
Com o atual presidente americano, o tom subiu em setembro, por ocasião de um debate antes das eleições presidenciais. Nele, o então candidato Joe Biden mencionou a possibilidade de sanções econômicas, se o desmatamento continuasse aumentando no Brasil.
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