9 cenários naturais que mudaram drasticamente de visual - e a culpa é nossa
A discussão sobre a transformação das paisagens naturais, provocada pela poluição e pelas mudanças climáticas, voltou a ganhar força esta semana, após a recente tragédia ambiental que envolve a indústria petrolífera no Lago de Maracaibo, na Venezuela, o maior da América Latina.
Atualmente, quase todas as paisagens da Terra, salvo as extremidades polares, os altos cumes das cordilheiras, as matas virgens e o interior dos desertos, apresentam influência humana em maior ou menor medida.
É no ambiente urbano que ocorre o grau mais alto de transformação da paisagem. Onde é quase absoluta, por conta das demandas da vida moderna, como energia e infraestrutura. A necessidade de produção de bens e alimentos em larga escala contribuiu para transferir esse cenário ao campo, às zonas rurais.
Assim, a poluição e os impactos das atividades humanas, antes concentrados nas zonas urbanas, passaram a invadir as zonas rurais e alcançar mananciais de água, campos e florestas. Levando a poluição e a transformação da paisagem, nos moldes que requer a sociedade moderna, a localidades ainda mais isoladas e intocadas.
Em escala maior, os impactos locais contribuem para o aquecimento global, indutor de muitas das transformações que você verá a seguir. Confira 9 casos em que o cenário foi transformado profundamente - e a culpa é toda nossa:
1. Lago Lonar
Em junho do ano passado, o lago Lonar, no estado de Maharasanshtra, na Índia, mudou repentinamente de tonalidade, tornando-se rosa. Especialistas acreditam que a mudança provavelmente se deve ao aumento da salinidade na água, à presença de algas vermelhas ou a uma combinação de ambos.
O calor excessivo fez com que a água evaporasse em grande quantidade, revelando a tonalidade das algas. Assim, o lago que era verde e se formou há 50 mil anos com a queda de um meteorito, foi se tornando cada vez mais rubro.
2. Lago em Yucheng
Em agosto de 2018, um lago de água salgada em Yucheng, no norte da China, também mudou de cor, tornando-se avermelhado por conta do calor acima da média, que favoreceu o desenvolvimento de algas e crustáceos. Segundo a publicação científica francesa Science et Avenir, com o verão e as temperaturas subindo acima do normal, as águas se aqueceram e evaporaram muito depressa, aumentando sua salinidade.
Segundo especialistas da Universidade de Stuttgart, o surgimento de diferentes tipos de colorações é resultado da influência das altas temperaturas anuais, aliadas à presença de algas, que trocam reações químicas com o meio orgânico e os minerais.
3. Lago azul da Sibéria
Um lago azul-turquesa na Sibéria se tornou um cenário para muitas fotos e selfies nas redes sociais. Suas águas, que normalmente eram levemente esverdeadas ganharam um tom de azul tão exótico que acabaram por atrair influencers e visitantes de todo o mundo.
Por conta do risco de contaminação, a usina de carvão da região teve que emitir um alerta às pessoas de que o "lago" não passa de um depósito de lixo químico.
O local ganhou essa tonalidade estranha por causa dos produtos químicos produzidos na fábrica, que são despejados junto com o carvão no corpo d'água. Sais de cálcio e outros metais desprendem-se das cinzas de carvão. Em contato com a pele, podem provocar reações alérgicas.
4. Lago Wakatipu
O lago Wakatipu - o mais longo da Nova Zelândia - mudou seu tom de cor em 2014, indo de um azul esverdeado para a tonalidade turquesa. A incrível mudança foi percebida após um deslizamento de terra em Dart Valley.
Pedras glaciais e limos finos escorreram para o lago e ficaram suspensos na água, criando um azul muito claro, resultado do reflexo da luz do sol. A mudança foi tão aparente que era possível ver, em algumas áreas, as duas cores se mesclando.
5. Rio Tietê I
A ausência de chuvas e a presença de microalgas mudaram, em março deste ano, a cor da água do Rio Tietê em cidades do interior paulista. Assim como já ocorrera em 2019, a água, em diversos trechos, como nas cidades de Sales e Promissão, tornou-se verde e espessa como lodo, principalmente nas margens.
Em 2019, as toxinas liberadas pelas algas provocaram a morte de milhares de peixes ao longo do curso do rio e isso acabou afastando os turistas, gerando prejuízos econômicos. Alguns trechos do rio tiveram que ser interditados e o fornecimento de água, interrompido.
6. Rio Tietê II
Por diversas vezes este ano, o rio Tietê voltou a ficar coberto por uma espuma tóxica e a poluição mudou a paisagem do trecho do curso d'água na altura da cidade de Salto, no interior de São Paulo. A espuma já tinha surgido nesse trecho do rio em 2019.
A espuma foi provocada por poluentes despejados desde a Capital, chegando a atingir quase 300 quilômetros de extensão no interior paulista.
7. Lago na Austrália
Desde 2013, o lago de água salgada do Westgate Park, que fica em Melbourne, na Austrália, vem se tornando cor-de-rosa. Em 2019, sua cor se intensificou.
Mais uma vez, a combinação de salinidade, calor e proliferação de algas foi apontada pelos pesquisadores como a responsável pela transformação. Além dos índices cada vez mais baixos de chuva na região. A chuva ajuda a amenizar a poluição.
8. Lago Erie
Em 2014, um trecho do Lago Erie próximo à cidade de Toledo, em Ohio, nos Estados Unidos, foi tomado por algas que tornaram a sua água verde. O lago apresentava, além da cor, um aspecto gosmento, por causa da contaminação por algas tóxicas.
Uma análise preliminar mostrou que havia uma presença de cianobactérias acima do padrão tolerável para o consumo. Mais de 400 mil pessoas que moram na região foram orientadas a não consumir água da torneira.
9. Glaciares da Groenlândia
Até mesmo nos polos os efeitos da poluição e das mudanças climáticas já afetam a paisagem natural. Na Groenlândia, por conta do aquecimento global, em agosto, o manto de gelo que cobre a maior ilha do mundo perdeu 8,5 bilhões de toneladas de massa superficial somente no dia 27 de julho.
Outros 8,4 bilhões de toneladas de gelo foram perdidos no dia 29 de julho. O volume de gelo derretido seria capaz de inundar uma área do tamanho do estado norte-americano da Flórida com cinco centímetros de água.
10. Lago Maracaibo
Considerado maior lago da América do Sul, o corpo d'água da Venezuela, foi fotografado pela Nasa, em 25 de setembro com manchas de óleo na superfície e uma coloração completamente esverdeada, com redemoinhos marrom e cinza. Este é um sinal da ação de poluentes e da alta presença de algas que se alimentam dos nutrientes presentes na água - o que impede o desenvolvimento saudável de fauna e flora, prejudicando os pescadores locais.
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