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Panfletária e midiática, diz Salles sobre investigação autorizada pelo STF

Colaboração para o UOL

04/11/2021 11h55Atualizada em 04/11/2021 14h21

Ex-ministro do Meio Ambiente no governo Bolsonaro, Ricardo Salles criticou, em entrevista ao UOL News hoje (4), a investigação em que é alvo após autorização do STF (Supremo Tribunal Federal). Ele teria atuado em prol de madeireiros. "Esse processo nasceu de modo panfletário, não tem fundamento. A notícia-crime é midiática. O que se tentou foi criminalizar pontos de vista", disse Salles.

Autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes e depois encaminhada à Justiça Federal do Pará, a investigação da PF (Polícia Federal) apura se Salles atuou, ainda ministro, para afrouxar o controle do Ibama sobre a exportação de madeira. Segundo as investigações, ele se reuniu, em março do ano passado, com um grupo de madeireiros no Pará que vinha tendo cargas de madeira retidas em portos no exterior por falta da autorização do Ibama.

Salles também é alvo de outro inquérito, este autorizado pela ministra Cármen Lúcia e depois encaminhado ao TRF-1 (Tribunal Federal da Primeira Região). Trata-se da Operação Handroanthus, também da PF, que apura a suposta prática de crimes com o objetivo de dificultar a fiscalização ambiental e impedir investigação que envolva organização criminosa, além de suposto crime de advocacia administrativa. O ex-ministro nega irregularidades nos dois casos.

"Pedalada climática"

Durante a entrevista, Ricardo Salles também negou a chamada "pedalada climática" que teria sido cometida pelo Ministério do Meio Ambiente, em relação à emissão de gases causadores do efeito estufa.

"Não existiu. O inventário que prevê a revisão de 2005, o quarto inventário, do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), é medida impositiva, recalcular de acordo com novos parâmetros", argumentou.

Porém, especialistas avaliam que o governo comete uma "pedalada climática". É que a meta de 43% de cortes nas emissões até 2030 tomava como base o cenário em 2005. Mas, em dezembro de 2020, o governo fez um recálculo da base de emissões, o que aumentou essa quantidade de gases emitidas em 2005. Com isso, ainda que a taxa de corte não tenha sido alterada, o ponto de partida das emissões ficou maior, o que piorou a proposta.

Agora, essa nova meta pode, na prática, representar índices que já haviam sido prometidos pelo governo Dilma Rousseff em 2015, apenas revisando a "pedalada".

Governadores

O ex-ministro do Meio Ambiente também disse não ver constrangimento para o governo Bolsonaro com a iniciativa de governadores em participar de negociações com líderes mundiais na COP26, a exemplo do Príncipe Charles, herdeiro do trono britânico.

Ricardo Salles afirmou que Bolsonaro não pode ir porque há discussões urgentes a serem feitas no Brasil, a exemplo do Auxílio Brasil e PEC dos Precatórios. "Não acho que eles [líderes mundiais] estão 'driblando' [o governo]. Sei que o Joaquim [ministro do Meio Ambiente] continua a ação de conversar com os líderes de outros países. Acho legítimo e positivo se os governadores conseguirem obter recursos para os problemas dos Estados."