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Com 44% da capacidade, Cantareira tem menor volume para abril desde 2016

8.ou.21 - Represa do rio Jaguari, em Vargem (SP), que compõe o sistema Cantareira  - LUIS MOURA/ESTADÃO CONTEÚDO
8.ou.21 - Represa do rio Jaguari, em Vargem (SP), que compõe o sistema Cantareira Imagem: LUIS MOURA/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

30/04/2022 04h00Atualizada em 30/04/2022 11h45

O Sistema Cantareira, reservatório que abastece a Região Metropolitana de São Paulo, operava na sexta-feira (29) com 44% de sua capacidade, nível mais baixo para o mês desde 2016, quando marcou 36,3%, segundo dados da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Em nota, a companhia informou que "não há risco de desabastecimento neste momento"

As chuvas para o mês também ficaram abaixo do esperado. Até ontem, só havia chovido 16% da média histórica -13,3mm, enquanto a média para abril é de 83,2mm. Choveu menos que o esperado também em todos os outros sistemas de abastecimento, exceto o Rio Claro, confirmando previsões de especialistas de uma estiagem acentuada.

O Cantareira é o que mais preocupa, por ser o principal sistema de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo e por registrar o nível mais baixo em seis anos, diz Pedro Luiz Côrtes, professor de pós-graduação em ciência ambiental do IEE (Instituto de Energia e Ambiente), da USP (Universidade de São Paulo)

"Entramos no período de estiagem com o Cantareira em um nível muito baixo, de 45%, quando o mínimo ideal seria 60%", diz. "Isso levando em conta que gastamos de 20% a 25% do volume do reservatório na época seca". Há o risco de o manancial chegar à época chuvosa somente com cerca de 20% de sua capacidade, valor inferior do ano passado, de 28,2%. "Nos outros anos estávamos com o nível baixo, mas não tão baixo assim", explica Côrtes.

O professor afirm aainda que a expectativa é que haja uma redução do volume de chuvas até metade do segundo semestre, "podendo se estender mais e comprometer o período de recarga desse sistema para 2023".

Nossa segurança hídrica está diminuindo
Pedro Luiz Côrtes, professor de pós-graduação em ciência ambiental do IEE da USP

O perigo, de acordo com o professor, é que esses resultados mostram uma tendência de o Cantareira contar com uma menor disponibilidade de água. "A Sabesp deveria mostrar as projeções para o Sistema Cantareira para os próximos meses e reconhecer que estamos em situação de escassez", reforça o especialista.

A Sabesp afirma que desde a crise hídrica, investimentos tornaram o sistema integrado de abastecimento "mais robusto e flexível (sendo possível abastecer áreas diferentes com mais de um sistema)". Entre as medidas, estão a implantação do novo sistema São Lourenço e a interligação da bacia do Paraíba do Sul com o Cantareira.

Para Côrtes, no entanto, a população tem a falsa impressão de que o estado é de normalidade —principalmente após as chuvas acima da média em janeiro. No entanto, o primeiro trimestre foi de chuvas abaixo da média.

O professor pondera, no entanto, que ainda que as mudanças climáticas imponham um comportamento diverso do clima, "nós não estamos em uma crise hídrica igual a de 2013 por uma melhor gestão [da Sabesp], que têm regulado a pressão da água nas casas durante o período noturno"..

A Sabesp informa que o sistema integrado opera com 58,6% da capacidade, "nível similar, por exemplo, aos 59,2% de 2021, quando o volume de chuvas também não foi tão alto, porém não houve problemas no abastecimento da Região Metropolitana".

Veja o nível dos reservatórios que abastecem a região metropolitana de São Paulo, segundo a Sabesp:

  • Alto Tietê: 60,7% (baixa de 0,8 ponto percentual (pp) em relação à semana passada)
  • Guarapiranga: 87,8 (-2,3pp)
  • Cotia: 91,2 (-1,9pp)
  • Rio Grande: 100,7 (-1,2pp)
  • Rio Claro: 46,1 (-1,1pp)
  • São Lourenço: 93,3 (-0,7pp)