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Angra 1 deixa vazar material radioativo no mar e é acionada na Justiça

Usina Angra 1, em Angra dos Reis (RJ) - Luciana Whitaker/Folhapress
Usina Angra 1, em Angra dos Reis (RJ) Imagem: Luciana Whitaker/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

24/03/2023 09h07Atualizada em 24/03/2023 10h25

A Eletronuclear, braço de energia nuclear da Eletrobras, é alvo de uma ação civil pública após a usina Angra 1, em Angra dos Reis (RJ), deixar vazar material radioativo no mar.

O que aconteceu?

  • Resíduos radioativos vazaram na Baía de Itaorna em setembro de 2022 durante um processo de manutenção.
  • Aproximadamente 90 litros de material radioativo foram parar no mar. Segundo a empresa, o material escapou de dentro de válvulas e, como choveu em seguida, foi carregado até o oceano.
  • Eletronuclear demorou três semanas para notificar órgão regulatório. O evento aconteceu em 16 de setembro, e a comunicação, só em 7 de outubro.
  • Empresa negou vazamento em nota à imprensa. Um comunicado publicado em outubro diz que houve um "ligeiro aumento nos níveis de radiação" em uma das salas, e que "uma quantidade mínima de líquido" foi prontamente drenada e contida dentro da própria usina.
  • MPF avalia que empresa tentou esconder incidente.
  • Ainda não se sabe se acidente pode causar danos ao ambiente e à população.
  • Justiça determinou que empresa divulgue publicamente informações sobre o acidente e as medidas para conter os danos. Em decisão publicada na última quarta (22), a juíza Monica Cravo aceitou o pedido do Ministério Público e mandou a Eletronuclear fazer uma avaliação completa dos danos em até 30 dias e não oculte ou manipule informações sobre o ocorrido.

O que diz a Eletronuclear

Empresa disse respeitar a avaliação dos técnicos, mas que pretende recorrer, pois entende ter cumprido o que determina a legislação. "Em 16/09/22, ocorreu uma liberação não programada na usina de cerca de 90 litros de água [o equivalente a dois tanques de combustível de um carro popular] contendo substâncias com baixo teor radioativo. Como os valores estavam muito abaixo dos limites da legislação que caracterizam a ocorrência de um acidente, a empresa tratou o evento como incidente operacional interno", afirmou em nota.

A Eletronuclear disse ainda que analisou amostras da água do mar, que não apontaram atividade radiológica significativa. "Para se ter ideia, o valor verificado foi bem menor do que o recebido por um indivíduo submetido a uma radiografia de tórax e cerca de 1.000 vezes menor que a exposição anual proveniente da radiação natural".

A diretoria executiva da Eletronuclear, empossada após os acontecimentos, ressalta que abriu processo interno para apurar se houve alguma falha nas comunicações e está tomando as providências para que, daqui para frente, todos os eventos sejam divulgados com ampla transparência e publicidade.
Nota da Eletronuclear