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Ciclone, tremor de terra, frio recorde: o que está acontecendo no Brasil?

Após ciclone, carro é visto sobre túmulos em cemitério de Caraá (RS). - Reprodução/Defesa Civil do RS
Após ciclone, carro é visto sobre túmulos em cemitério de Caraá (RS). Imagem: Reprodução/Defesa Civil do RS

Colaboração para o UOL

19/06/2023 11h25Atualizada em 20/06/2023 09h12

Fenômenos naturais intensos têm assustado brasileiros no mês de junho. Nas regiões Sul e Sudeste, um ciclone extratropical trouxe tempestades e rajadas de vento. Já na região Norte, moradores foram surpreendidos com um frio atípico. Em São Paulo, a surpresa não veio do céu: cidades do Vale do Ribeira e da Baixada Santista sentiram tremores de terra.

Nenhum desses fenômenos é incomum. Veja abaixo o que explica cada um deles:

O que é um ciclone extratropical?

Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), um ciclone é um sistema que tem baixa pressão atmosférica em seu centro, com os ventos soprando para dentro. No Hemisfério Sul, o vento gira no sentido horário.

Um ciclone extratropical é encontrado nas médias e altas latitudes e está associado a frentes frias. Sua formação é comum no Oceano Atlântico, principalmente perto do polo sul. O formato em espiral, em que o centro tem baixa temperatura, favorece a formação de chuvas e ventos fortes.

Quanto mais perto da costa um ciclone é formado, maiores são os efeitos sentidos pelas pessoas no continente. Os ciclones extratropicais que afetam o Brasil se formam principalmente na região entre o Rio Grande do Sul, a Argentina e o Uruguai.

O ciclone registrado em junho vem causando temporais e estragos. No Rio Grande do Sul, além das 13 mortes, municípios tiveram alagamentos e famílias ficaram desalojadas. Além disso, estradas ficaram bloqueadas, voos foram cancelados e houve queda de luz em vários locais. Em Capão da Canoa, no litoral Norte do estado, um hospital teve de suspender os atendimentos após ficar inundado.

Em Santa Catarina, houve deslizamento de terra e alagamentos na região de Praia Grande, que fica no Sul do estado. Outros municípios têm comunidades isoladas por conta da tempestade.

Segundo o Inmet, as chuvas provocadas pelo ciclone devem ocorrer até esta sexta (16). No sábado (17), os ventos devem perder força.

Mais chuva no Sul e seca no Norte e no Nordeste

Após a passagem do ciclone, porém, a região Sul e o estado de São Paulo podem continuar sendo afetados por chuvas intensas. A causa, porém, é outra: segundo meteorologistas, o cenário climático indica a formação do El Niño, um fenômeno em que as águas do Oceano Pacífico na região da linha do Equador ficam mais quentes do que o normal. O aquecimento pode se estender pela costa da América do Sul até o meio do Pacífico Equatorial. Segundo os cientistas, o El Niño de 2023 pode ser um dos mais intensos dos últimos 70 anos.

O Centro de Previsão Climática da Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA afirma que o El Niño deve se fortalecer de forma gradual entre o fim do outono e o inverno. Há dois impactos principais para o Brasil: segundo o Inmet, o fenômeno aumenta o risco de seca na faixa Norte das regiões Norte e Nordeste e de grandes volumes de chuva no Sul.

Massa polar leva frio até para o Acre

Também nesta semana, moradores da região Norte viveram dias incomuns: em Rio Branco (AC), por exemplo, a temperatura chegou a 13 graus. O frio incomum foi causado por uma massa de ar polar que atingiu o Brasil e chegou até a região Norte.

Segundo o MetSul, serviço de meteorologia, porém, o frio intenso pode não ser característico do inverno de 2023. A causa também é o fenômeno El Niño, que pode aumentar as temperaturas no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste a depender de sua intensidade. Isso não significa que não teremos dias gelados, mas que eles devem ser menos frequentes.

E os tremores de terra?

Na sexta-feira (16) moradores da região do Vale do Ribeira e da Baixada Santista relataram sentir tremores de terra. Segundo o Centro de Sismologia da USP (Universidade de São Paulo), às 8h22 de sexta foi registrado um tremor de magnitude 4.0 na escala Richter. O epicentro ocorreu entre as cidades de Miracatu, Iguape e Itariri.

Segundo o Centro de Sismologia da USP, tremores de terra dessa magnitude não são raros no Brasil. "Em média, duas vezes ocorrem magnitudes acima de 4 em algum lugar do país", diz informe divulgado pelo órgão. O texto diz, ainda, que o litoral Sul de São Paulo é uma "zona relativamente ativa" comparada a outras áreas do estado.

"Não se sabe ainda por que esta região do estado de São Paulo tem relativamente maior atividade sísmica do que outras. Mas, uma hipótese possível é que nesta região a placa da América do Sul é mais fina, resultando em maior concentração de pressões geológicas na crosta superior", afirma o centro.

Tremores de efeito 4 não causam preocupações, segundo os pesquisadores. Os efeitos podem incluir trincas em reboco, quebra de telhas e outros objetos instáveis, além de pequenos danos.