Por que animais sobrevivem no fundo do mar e nós não aguentamos
A região onde estão os destroços do Titanic —em que o submersível Titan se perdeu —é permanentemente escura e tem pressão de 200 vezes a do interior de um pneu. Segundo a Guarda Costeira dos EUA, foi justamente a pressão excessiva que fez com que o veículo implodisse, matando as cinco pessoas a bordo.
O ambiente é inóspito para humanos, mas há outros seres vivos que conseguem sobreviver até em águas mais profundas.
Em abril deste ano, cientistas filmaram um peixe nadando a uma profundidade de mais de oito mil metros —o dobro da que está o Titanic. A descoberta foi feita por uma expedição liderada pelo biólogo marinho Alan Jamieson com profissionais da Universidade da Austrália Ocidental e da Universidade de Ciências Marinhas de Tóquio.
Pressão de 100 elefantes
As partes mais profundas do oceano são conhecidas como zona hadal —uma referência a Hades, deus grego do submundo. Essa área, que tem entre 6 e 11 quilômetros de profundidade, tem escuridão total, pressão esmagadora e temperaturas extremamente baixas.
À BBC, o pesquisador Abbie Chapman, da University College de Londres, explicou que, na região da Fossa das Marianas, por exemplo, a pressão equivale a 100 elefantes em pé sobre a sua cabeça.
Apesar das condições hostis, essa zona tem várias formas de vida. Desde 1977, quando a primeira descoberta foi feita, os cientistas já identificaram 600 espécies nas áreas em que o fundo do mar se encontra com o magma do interior da Terra.
Adaptações para sobrevivência
Isso só é possível por meio de adaptações nas células desses seres vivos. Algumas criaturas possuem altas concentrações de moléculas chamadas piezólitos, que impedem que as membranas celulares e as proteínas sejam esmagadas pela pressão.
As moléculas compensam o peso, aumentando o espaço entre as proteínas dentro das células. Estudos demonstram que, quanto maior a profundidade em que o animal vive, maior é a presença dessa molécula.
Além disso, peixes que vivem em águas profundas não possuem bexigas natatórias —órgãos que permitem que os animais que vivem em profundidades menores flutuem.
Como não há luz do sol, os seres vivos que vivem nessas profundidades precisam encontrar outras fontes de energia. O alimento vem de compostos químicos que saem do fundo do mar e são utilizados em reações químicas.
Com menos oxigênio, peixes dessas regiões também têm glóbulos vermelhos maiores, que produzem mais hemoglobina. A proteína é a responsável por carregar o oxigênio por todo o corpo.
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