Rios no Alasca estão ficando laranja, e fenômeno surpreende até cientistas

Rios e riachos no Alasca, nos Estados Unidos, estão ficando laranja. Antes com tom azul claro e limpas, as águas estão com cor alterada devido aos metais tóxicos liberados pelo degelo do permafrost (terreno congelado).

Fenômeno surpreende cientistas

A descoberta foi feita após um estudo do Serviço Nacional de Parques, da Universidade da Califórnia em Davis, e do Serviço Geológico dos Estados Unidos. O resultado foi publicado no dia 20 de maio, no periódico Communications: Earth & Environment, da Nature.

Eles descobriram que, nos últimos 10 anos, os rios e riachos têm ganhado a aparência de "enferrujados, turvos e alaranjados". Os investigadores fizeram testes em 75 lugares na Cordilheira Brooks, no Alasca.

Curso d'água no Alasca atingido pela mudança de cor
Curso d'água no Alasca atingido pela mudança de cor Imagem: Reprodução/Universidade da Califórnia-Davis

O que surpreendeu os pesquisadores é o impacto do degelo em uma área mais "remota" do Alasca. Eles citaram que o fenômeno ocorre em regiões com histórico de mineração, como Apalaches, uma cordilheira da América do Norte.

Este é um processo clássico que acontece em rios no território continental dos EUA impactados por mais de 100 anos, desde as corridas de mineração na década de 1850. Mas é muito surpreendente ver isso quando você está em uma das áreas selvagens mais remotas e longe de uma fonte de mina.
Brett Poulin, coautor do estudo e professor na Universidade da Califórnia-Davis, à CNN Internacional

Por que as águas estão laranja?

A mudança é causada por metais como ferro, zinco, cobre, níquel e chumbo, segundo os pesquisadores. Os componentes seriam tóxicos para os ecossistemas dos rios e riachos.

As altas temperaturas fizeram com que esses minerais e as fontes de água ao seu redor se misturassem enquanto o permafrost derretia.

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É realmente uma consequência inesperada das alterações climáticas.
Brett Poulin à CNN

Poulin explicou que as mudanças mais drásticas ocorreram entre 2017 e 2018, o que coincidiu com os anos mais quentes. Os pesquisadores usaram imagens de satélite para determinar quando a mudança de cor ocorreu em diferentes rios e riachos.

Imagens do rio Akillik no Parque Nacional do Vale Kobuk em comparação entre 2017 e 2018
Imagens do rio Akillik no Parque Nacional do Vale Kobuk em comparação entre 2017 e 2018 Imagem: Reprodução/Communications Earth & Environment

Essa situação tem sido associada a "declínios dramáticos" na vida aquática, levantando preocupações sobre como o contínuo derretimento do permafrost afetará as comunidades que dependem desses cursos de água para beber e pescar.

Alasca não é o único lugar com fenômeno

Montanhas Rochosas do Colorado, nos EUA, estão registrando efeitos semelhantes, segundo um estudo publicado pela Water Resources Research.

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Os pesquisadores citaram um aumento nas concentrações de sulfato, zinco e cobre em 22 riachos montanhosos do Colorado nos últimos 30 anos.

Pesquisadores no Alasca continuarão seus estudos nos próximos anos para determinar a localização das fontes de metais e minerais e como a vida aquática e humana será impactada.

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