Ex-policiais, professores e ex-doméstica: veja os candidatos a vice no Rio

Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio

  • O Globo/Camara dos Deputados/Campanha Anthony Garotinho

    Comte Bittencourt (à esq.), Marcelo Delaroli (centro) e Leide de Caxias (à dir.)

    Comte Bittencourt (à esq.), Marcelo Delaroli (centro) e Leide de Caxias (à dir.)

A maioria dos candidatos ao governo do Rio de Janeiro escolheu os vices de suas chapas entre membros do Legislativo estadual e dos municípios. Entre eles, há ex-policiais, professores e uma ex-empregada doméstica. Ao menos três dos sete melhor colocados, segundo a última pesquisa Ibope, têm alguma ligação com a área de segurança.

A única vice que não atuou no Legislativo é Ivanete Silva, candidata a vice de Tarcísio Motta (PSOL), que substituiu a vereadora Marielle Franco, assassinada em março em uma emboscada no centro do Rio.

Segundo pesquisa do Ibope divulgada no dia 20 de agosto, as chapas de Romário (Podemos), Eduardo Paes (DEM), e Anthony Garotinho (PRP) estavam praticamente empatadas. Romário marcou 14% das intenções de voto e seus concorrentes 12% cada um --eles empataram devido à margem de erro da pesquisa, de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Dois dias depois, o Datafolha apontou que o candidato do DEM tinha 18% das intenções de voto, estatisticamente ao lado do ex-jogador, com 16%. O ex-governador Anthony Garotinho (PRP) apareceu com 12%, o que o deixava tecnicamente empatado com o Romário e, no limite, Paes. A margem de erro é de três pontos.

Conheça a seguir sete vices dos candidatos melhor colocados na pesquisa Ibope.

Comte Bittencourt (PPS)

Vice de Eduardo Paes, Plinio Comte Bittencourt, 61, foi professor, nasceu e começou a carreira política como vereador na cidade de Niterói, região metropolitana do Rio, em 1992. Ele é casado e tem uma filha.

Após três mandatos, chegou à Presidência da Câmara de Niterói. Em 1998, foi secretário municipal de Educação e, em 2002, se elegeu deputado estadual. Ele está em seu quarto mandato e atua principalmente com uma pauta ligada ao ensino público. Na Assembleia Legislativa, preside a Comissão de Educação.

Em 2016, Bittencourt foi eleito vice do prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), depois que a primeira opção de Neves, Axel Grael (PV), foi considerado inelegível. Mas, ele não tomou posse em 2017 para poder continuar com seu mandato na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

O objetivo, apoiado pela Câmara, foi representar Niterói na Alerj no momento em que o Rio declarou o chamado estado de calamidade financeira, devido a problemas nas contas públicas. No final de 2017, porém, ele renunciou à vice-prefeitura para continuar apenas como deputado.

Críticos interpretaram o movimento como uma tentativa de Comte de assumir a prefeitura, se Neves deixasse o cargo para concorrer ao governo. No entanto, seus assessores negam que ele tivesse tal intenção. Ele declarou à Justiça Eleitoral patrimônio no valor de R$ 1,863 milhão.

Gabriel de Paiva/ Agência O Globo
Comte Bittencourt (à dir) com o ex-prefeito Eduardo Paes

Glaucio Julianelli (PSB)

Vice de Pedro Fernandes (PDT), Glaucio José de Mattos Julianelli, 63, é casado, tem formação em medicina e é deputado estadual pelo PSB.

Ele estudou medicina no município de Campos dos Goytacases, no Norte Fluminense, e exerceu a profissão em hospitais do Rio. Depois entrou no Exército e, por causa disso, integrou as forças de paz da ONU (Organização das Nações Unidas) em missão em Angola, em 1994.

Ele começou a carreira política em 2008 como vereador na cidade de Resende, no interior fluminense. Em 2014, foi eleito deputado estadual pelo PSOL, onde atuou nas áreas de educação e meio ambiente. Dr. Julianelli, como é conhecido, declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 1,245 milhão.

Ivanete Silva (PSOL)

Vice de Tarcísio Motta (PSOL), Ivanete da Conceição da Silva, teve a missão de substituir a vereadora Marielle Franco como vice na candidatura de Tarcísio para o governo do estado. Marielle e seu motorista Anderson Gomes foram assassinados em uma emboscada em março, no centro do Rio, após a vereadora sair de uma reunião política.

O crime está sendo investigado, mas ainda não foi solucionado. Marielle foi morta dias antes de anunciar que faria parte da chapa.

Ivanete, 50, é professora de ensino médio. Ela é a única vice de candidatos ao governo do Rio que não fez carreira política no Legislativo. Ela declarou bens avaliados em R$ 6.000.

Assim como Motta, ela integrou o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação. Suas áreas de atuação na campanha devem ser especialmente a educação e os direitos da mulher.

Campanha de Anthony Garotinho / Divulgação
A vereadora Leide de Caxias é apresentada como vice de Garotinho em vídeo nas redes sociais

Leide (PRB)

A vereadora Maria Landerleide de Assis Duarte, ou Leide de Caxias (PRB), como é conhecida, é vice de Anthony Garotinho (PRP). Ela tem 55 anos, é mãe de três filhos e está em seu quarto mandato na Câmara de Duque de Caxias.

No início da campanha eleitoral, Garotinho vem ressaltando a história de vida de sua vice: uma afrodescendente que nasceu no interior do Maranhão e migrou para o Rio de Janeiro.

Ela foi empregada doméstica e fez serviço social em favelas junto com a Força Jovem Universal, um grupo da Igreja Universal do Reino de Deus que se dedica, entre outras atividades, à reabilitação de usuários de drogas.

Em 1999, com apoio de setores evangélicos, se tornou suplente de vereadora e, em 2005, foi eleita para seu primeiro mandato como titular. Ao registrar a candidatura, ela declarou ter um patrimônio avaliado em R$ 41.758,04.

No Legislativo de Duque de Caxias, Leide participou da Comissão de Direito de Defesa da Mulher, sua área preferida de atuação.

Leonardo Giordano (PCdoB)

O vereador Leonardo Giordano (PCdoB), 38, abriu mão de sua candidatura ao governo do estado para ser vice da candidata do PT, Marcia Tiburi. O movimento foi fruto da aliança nacional do PT com o PCdoB que, em âmbito nacional, também fez a então pré-candidata do PCdoB Manuela Dávila desistir de sua candidatura para apoiar Luiz Inácio Lula da Silva.

Giordano nasceu no município de São Fidélis, no interior do Rio, mas estudou e fez sua carreira política em Niterói. Na Câmara, atuou nas áreas de cultura e patrimônio histórico, combate à intolerância religiosa e combate à Aids, entre outras. Ele declarou patrimônio avaliado em R$ 167.279,02.

Divulgação
O deputado federal Marcelo Delaroli (PR-RJ) e Romário após anúncio de composição de chapa no Rio

Marcelo Delaroli (PR)

O vice de Romário (Podemos) é o deputado federal do PR Marcelo Delaroli. Ele tem 38 anos, é casado, pai de dois filhos e exerce seu primeiro mandato de deputado, iniciado em janeiro de 2017. Ele declarou patrimônio de R$ 145.407,35.

Antes de ser político, ele foi dentista e policial militar. Seu passado na PM aproximou o deputado de pautas mais ligadas à segurança pública. Na Câmara, ele participa da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado e de comissão que fiscaliza a intervenção federal no Rio, entre outras. 

Delaroli chegou a ser cogitado para lançar candidatura ao governo fluminense com apoio de Jair Bolsonaro (PSL), mas a negociação não avançou. Antes de firmar a aliança com Romário, ele também foi cortejado para assumir a posição de vice na chapa de Eduardo Paes, mas não aceitou.

Ele é natural de Maricá, cidade do interior do estado, e afirmou que, na decisão de não se aliar ao democrata, pesou o episódio em que o então prefeito do Rio, Eduardo Paes, foi gravado em um telefonema com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamando o município de "merda de lugar". Ele disse também que uma coligação com Romário é mais interessante ao seu partido nas eleições proporcionais de deputados.

Zaqueu Teixeira (PSD)

Vice de Indio da Costa (PSD), Zaqueu da Silva Teixeira, 56, foi delegado e chefe da Polícia Civil do Rio durante o governo de Benedita da Silva (PT) em 2002 e, atualmente, está em seu segundo mandato de deputado na Alerj.

Ele é casado e tem sua carreira política ligada ao município de Queimados, na Baixada Fluminense. Ao registrar sua candidatura, Teixeira declarou possuir um patrimônio estimado em R$ 519.957,21.

Como chefe de Polícia Civil, se tornou conhecido por ter sido o responsável pela operação que prendeu o traficante Elias Pereira da Silva, o "Elias Maluco", condenado pelo assassinato do jornalista da "TV Globo" Tim Lopes na favela da Vila Cruzeiro, na Penha, zona norte do Rio, em 2002.

Após deixar o cargo de chefe de polícia, Teixeira se filiou ao Partido dos Trabalhadores e trabalho no Ministério da Justiça envolvido na criação do Pronasci (Plano Nacional de Segurança Pública com Cidadania). Em 2012, durante o governo de Sérgio Cabral no Rio, ele assumiu a Secretaria de Estado de Assistência Social e Diretos Humanos.

Atuando nas áreas de segurança, assistência Social e cultura, ele também passou pelo PDT antes de se filiar ao PSD neste ano.

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