Vice de Bolsonaro, Mourão chama países emergentes de "mulambada"

Gustavo Maia

Do UOL, em São Paulo

  • Danilo Verpa/Folhapress

    General Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), participa de debate no Secovi-SP

    General Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), participa de debate no Secovi-SP

Candidato a vice na chapa do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), o general Hamilton Mourão (PRTB) chamou de "mulambada" os países emergentes ao responder pergunta sobre seus planos para a política externa do país em palestra nesta segunda-feira (17) na sede do Secovi (Sindicato da Habitação), em São Paulo.

O general da reserva do Exército foi questionado sobre como deve ficar a inserção internacional do Brasil caso Bolsonaro seja eleito para o Palácio do Planalto e passou a falar de "governos anteriores", sem especificá-los, em referência indireta às administrações dos ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Mourão lembrou que o país adotou a "diplomacia que foi chamada de Sul-Sul" --cooperação entre países em desenvolvimento. "E aí nos ligamos com toda a mulambada, me perdoem o termo, existente do outro lado do oceano, do lado de cá, que não resultou em nada, só em dívidas que foram contraídas e que nós estamos tomando calote disso aí", disse o candidato a vice, sem citar nominalmente nenhum país.

"Entregamos nossos recursos para esse pessoal, agora mesmo um deles tentou entrar em São Paulo com um trocado, um troco, para um tratamento de saúde. Ô tratamento caro esse... pelo amor de Deus", ironizou Mourão, referindo-se à recente apreensão de US$ 16 milhões em dinheiro em duas malas que estavam com a comitiva do vice-presidente de Guiné Equatorial, país africano.

"E vamos ter que inverter isso aí, vamos ter que ter novamente uma diplomacia que nos leve para acordos bilaterais com aqueles grandes mercados, aqueles países que têm importância dentro do conselho das nações, vamos ter que ter uma participação realmente mais efetiva dentro da Organização das Nações Unidas para sermos uma voz mais ouvida", complementou.

Questionado pela reportagem sobre o que quis dizer ao classificar outros países como "mulambada", ele respondeu que utilizou a palavra "apenas para o auditório ficar mais satisfeito". "Não eram os países que trariam, digamos assim, o retorno do investimento que fizemos neles. Só isso", explicou.

Ao ser indagado se acha o uso do termo adequado, ele começou a responder, mas foi interrompido por seu assessor de imprensa, que havia combinado com a imprensa que os jornalistas poderiam fazer apenas uma pergunta cada um.

Mourão criticou ainda a política externa do governo Lula de tentar ocupar uma vaga no Conselho Permamente da ONU. "É de rir, vou dizer aqui para senhoras e senhores, porque nenhum dos cinco grandes que têm assento permanente lá vai abrir espaço para o Brasil entrar simplesmente porque é o Brasil, porque nós somos um povo alegre, porque nós gostamos de nos relacionar com os outros", afirmou.

"Não, nós teremos que ter poder, teríamos que ter poder para poder furar esse bloqueio", argumentou.

Durante a palestra, Mourão também citou a Venezuela como um "estudo de caso" de como destruir um país em pouco tempo, e disse que a situação do vizinho sul-americano não se repetirá no Brasil porque as Forças Armadas não permitiriam.

"Muito tem se falado que o Brasil pode virar uma nova Venezuela. Jamais. O Brasil jamais virará uma Venezuela por uma razão muito simples: as nossas Forças Armadas não foram e jamais serão cooptadas para o projeto totalitário dessa natureza. Tenham certeza disso", declarou.

"...Temos que implementar [...] a liberalização financeira, com um regime de câmbio flutuante, e a liberalização comercial. E aí entra essa capacidade que nós temos que ter para aumentar a produtividade, com trocas comerciais. Ou seja, temos que racionalizar tarifas de importação, que buscar reduzir a tarifa externa comum aqui do Mercosul, que não baixa de jeito nenhum. Vamos aproveitar que a Venezuela já foi pro saco mesmo, não é?, e vamos debater isso com os membros efetivos do Mercosul."

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