Witzel nega "falcatrua" em instrução de juízes para acúmulo de gratificação

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

  • Gabriel Sabóia/UOL

    15.out.2018 - Wilson Witzel caminha em feira livre no bairro da Tijuca, na zona norte

    15.out.2018 - Wilson Witzel caminha em feira livre no bairro da Tijuca, na zona norte

O candidato do PSC ao governo do Rio, Wilson Witzel, disse nesta segunda-feira (15) não ver problemas em ter instruído outros juízes a acumularem gratificações por meio de "engenharia" criada em seu gabinete --conforme o ex-juiz federal detalhou em vídeo revelado pelo jornal O Globo.

No registro, Witzel diz em uma palestra a outros magistrados que, quando trabalhava na Justiça Federal, revezava turnos de 15 dias com seu juiz substituto, na Vara pela qual era responsável, para receber R$ 4.000 por acúmulo de função.

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Durante caminhada no bairro da Tijuca, zona norte da capital fluminense, nesta segunda, o candidato negou ilegalidade.

"A gratificação não é indevida, ilegal ou tem falcatrua nisso. Naquela ocasião, eu falava sobre previdência e essa gratificação não é incorporada à aposentadoria. Essa gratificação foi criada por lei e aprovada pelo Tribunal de Contas. Quem recebe, recebe pela lei", afirmou.

No vídeo, Witzel detalhou a manobra, que chamou de "engenharia".

"Os juízes hoje estão recebendo auxílio-moradia, auxílio-alimentação e a gratificação de acúmulo, que eu sei que na Justiça do Trabalho é muito mais difícil de receber. Mas na Justiça Federal praticamente todos os juízes recebem a gratificação de acúmulo que é de R$ 4.000. Eu recebo. Expulsei o juiz substituto da minha Vara. Falei: 'negão, ou você vai ficar um ano fora ou vou te expulsar da Vara'. Brincadeira, adoro meu juiz substituto, mas se ele ficar eu não recebo. E aí a gente fez uma engenharia. Todo mês, 15 dias do mês o juiz substituto sai da Vara", diz Witzel, que hoje é candidato.

Witzel recebia auxílio-moradia apesar de ter casa no Rio

Esta não é a primeira vez que Witzel é questionado sobre o recebimento de auxílios que, em tese, não precisaria embolsar.

Com vencimentos que giravam em torno dos R$ 40 mil até fevereiro e com uma casa própria no Grajaú, na zona norte do Rio, avaliada em R$ 400 mil, o candidato recebia auxílio-moradia como juiz federal --o que não é ilegal, mas tem gerado debates em relação aos magistrados que recebem esse tipo de auxílio.

Em sua plataforma de governo, o candidato do PSC promete austeridade máxima caso seja eleito para chefiar o Palácio Guanabara.

Em debates, o ex-juiz federal prometeu abrir mão de morar em residências oficiais e do plano de saúde dos filhos para se consultar apenas em hospitais públicos.

Pedro Fernandes (PDT) anuncia apoio a Witzel

Durante atividade de campanha nesta segunda, Witzel andou acompanhado pelo adversário no primeiro turno Pedro Fernandes (PDT) de quem recebeu apoio.

"Temos pensamentos alinhados de combate à corrupção, ao fim das vistorias no Detran e no zelo pelas contas públicas. A votação expressiva do Witzel no primeiro turno expressa esse desejo da população por mudanças", disse Fernandes sobre o apoio.

O político, que foi secretário nas gestões de Luiz Fernando Pezão e Sérgio Cabral (ambos do MDB) e também secretário municipal de Marcelo Crivella (PRB), disse que não negocia cargos, caso Witzel seja eleito.

"Vou passar os próximos dois anos fora do país, na França, onde pretendo concluir o meu doutorado. Esse apoio é ideológico", afirmou.

Durante a caminhada, Witzel comemorou o apoio do PRB, partido de Crivella. Ao ser abordado por um gari, Witzel pediu um abraço ao funcionário da Comlurb, que estava uniformizado.

"Só não tira foto minha não, que eu posso ser demitido", pediu o gari, que recebeu um abraço de Witzel e foi tranquilizado. "Está tudo tranquilo, eu já fechei com o Crivella [que é responsável pela gestão da Comlurb]".

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