Debates em SP focam em Lula e Bolsonaro, mas adaptam discurso para família
Guilherme Mazieiro
do UOL, em São Paulo
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Adriana Spaca/Framephoto/Estadão Conteúdo
Nos dois primeiros debates do segundo turno entre os candidatos ao governo de São Paulo, João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB) nacionalizaram o embate e citaram repetidas vezes o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro (PSL).
Segundo levantamento feito pelo UOL, o ex-presidente foi relacionado em 68 ocasiões por Doria e França nos debates promovidos pela Band, na quinta-feira (18), e pela Record, na sexta-feira (19). Já o capitão da reserva foi lembrado por 29 vezes.
Além de nacionalizarem o debate com a citação de Lula e do presidenciável, os concorrentes ao Palácio do Bandeirantes também adaptaram as propostas ao público do segundo encontro, na Record. O UOL identificou que o termo "família" foi usado 23 vezes nesta emissora. No primeiro embate, que aconteceu na Band, não foi mencionado.
O debate na Band, na noite desta quinta-feira (18), foi um dos mais agressivos da campanha. Já o da Record, que aconteceu 13 horas depois, teve mais propostas dos candidatos, apesar de manterem as trocas de acusações constantemente. O debate da Record aconteceu entre às 13h30 e às 15h, horário em que as emissoras de TV priorizam a programação voltada para o público feminino e adolescente.
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Doria fez quatro referências à família, como instituição. Ele se declarou um "defensor" da família e que é contra o aborto. Seus discursos foram na linha de "Olha, para você, dona de casa, para você, pai de família, você, jovem, que está assistindo ao debate da Record", quando cobrou postura do adversário.
Já Márcio França, na declaração em que usou o termo duas vezes seguidas, lembrou da "honra" da sua família e das pessoas próximas que o ajudaram na campanha. O governador ainda reforçou sua imagem acompanhado da esposa Lúcia durante entrevista após o programa.
Lula e Bolsonaro no debate estadual
Neste segundo turno, Doria e França usam as duas figuras, Lula e Bolsonaro, para se aproximar do eleitor ou criar uma imagem negativa do adversário junto aos paulistas.
Um dos principais argumentos que o tucano usa para atacar o oponente é vincular o histórico político do pessebista com o ex-presidente Lula. Doria citou Lula 51 vezes nos dois debates. Disse que França faz parte da "turma do Lula" e foi líder de um bloco de apoio na Câmara ao então presidente.
França, que tenta se afastar do petismo para não perder votos, citou o ex-presidente em 17 oportunidades, em parte delas para dizer que o adversário comprou um avião de R$ 44 milhões com empréstimo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) sob gestão de Lula.
Já "Bolsonaro" foi mencionado 12 vezes por Doria e 17 por França. No caso do capitão da reserva, ambos concorrentes tentam se aproximar do seu eleitorado. Bolsonaro foi o mais votado no estado, no 1º turno, e lidera as intenções de votos das pesquisas Ibope e Datafolha.
O tucano declarou apoio explícito ao presidenciável logo após a definição do segundo turno e faz campanhas em suas redes sociais pelo "BolsoDoria". Apesar de não ter apoio oficial de Bolsonaro e do partido, o ex-prefeito de São Paulo conseguiu apoio do candidato a vice-presidente general Mourão (PRTB). Doria disse o nome de Bolsonaro 12 vezes, e em parte delas declarou voto ao candidato, além de dizer que seu plano econômico seguiria o do presidenciável.
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