Anunciado por Doria como apoiador, general do PSL nega e diz ser neutro

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

  • Luis Adorno/UOL

    26.out.2018 - João Doria com aliados em comitê de campanha

    26.out.2018 - João Doria com aliados em comitê de campanha

Após Márcio França (PSB) ter anunciado o apoio de oito deputados eleitos pelo PSL, partido de Jair Bolsonaro, João Doria (PSDB) realizou um evento para anunciar o apoio de aliados do presidenciável, mas um dos nomes anunciados pela organização não foi ao local e confirmou ao UOL que não apoia oficialmente o ex-prefeito de São Paulo.

Eleito deputado federal, General Peternelli (PSL) foi elencado como um dos nomes que iriam ao evento pela campanha de Doria, em comunicado divulgado à imprensa duas horas antes da apresentação formal do apoio. O general figura entre os mais próximos de Bolsonaro, uma vez que integra o núcleo militar do presidenciável, conforme revelou o UOL. Porém, ele não foi ao evento e sua ausência chamou a atenção.

Questionado pelo UOL sobre a ausência de Peternelli, Doria amenizou, dizendo que ele estava chegando de uma viagem e que não deu tempo. "Não chegou, mas ele está me apoiando, sim. Foi só uma questão de logística", disse. O deputado Frederico D'Avila afirmou que seu correligionário se enrolou em uma agenda no Limão, bairro da zona norte. O evento foi realizado na zona sul da cidade.

Procurado pela reportagem, o general deu outra versão e anunciou que não apoia oficialmente o candidato tucano. Questionado sobre o motivo da ausência no evento para declarar o apoio, Peternelli respondeu: "Deve ser um equívoco. A posição com o governo de São Paulo é de neutralidade".

Sem o general, o evento teve a participação dos deputados estaduais eleitos Capitão Castello Branco e Frederico D'Ávila, e a deputada federal eleita Joice Hasselmann, todos do PSL. Os senadores José Medeiros (Podemos-MT), eleito deputado federal, e Magno Malta (PR-ES), que não foi reeleito neste ano, também anunciaram apoio. Os partidos dos dois senadores integram a coligação de França no estado.

O apoio foi selado em coletiva de imprensa realizada na tarde desta sexta-feira (26), em um comitê do PSDB, nos Jardins, bairro nobre da capital paulista. "Se não houvesse concordância do Jair Bolsonaro, eles não estariam aqui", disse o candidato tucano.

Entre os que se fizeram presentes, Joice Hasselmann afirmou ter sido a primeira pessoa do PSL a tomar decisão pró-Doria. "O por que desta decisão é um alinhamento claro de posição. Contra um governador que está alinhado ao PT", disse, repetindo uma estratégia adotada pelo tucano de colar a imagem do adversário à esquerda. "Bolsonaro me liberou para fazer campanha ostensivamente", complementou a deputada eleita, que já acompanhava Doria desde o início do segundo turno e havia participado de atos de campanha ao lado do ex-prefeito.

Magno Malta, um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro, chamou Fernando Haddad (PT) de "mega-fone do Ladrão", disse que está ao lado de Doria por uma posição anti-esquerda. "Nossa luta é para quebrar um viés ideológico", afirmou o parlamentar, que foi chamado de "amigo" por Doria. Depois da coletiva de imprensa, o tucano gravou um vídeo ao lado dos apoiadores.

Nas eleições estaduais, o PSL adotou postura neutra. No entanto, Doria, ao tentar colar a imagem de esquerdista a França, anunciou apoio a Bolsonaro e tenta o apoio do presidenciável de forma oficial, o que não ocorreu. Em um dos vídeos utilizados pela campanha do tucano, no entanto, Bolsonaro deseja boa sorte ao candidato, mas a declaração foi editada e não mostra a posição neutra do presidenciável no estado.

Dos integrantes da bancada da bala que atuarão na Alesp (Assembleia Legislativa de SP) a partir do ano que vem, até então, só os três policiais eleitos pelo PP, partido da coligação de Doria, apoiavam o candidato tucano: Conte Lopes, Coronel Telhada e Delegado Olim.

O presidente do partido de Bolsonaro em São Paulo e coordenador da campanha do presidenciável no estado, o senador eleito Major Olimpio, no entanto, declarou voto a França. Opositor de Bolsonaro, ele faz campanha contra o PSDB e contra Doria.

Sob o mesmo argumento de Olimpio, o deputado estadual eleito Sargento Neri (Avante) também declarou voto em França. Major Mecca (PSL) e Coronel Nishikawa (PSL) declararam voto ao peessebista em consideração à candidata a vice, a coronel Eliane Nikoluk (PR).

Tanto Doria quanto França tentaram, durante a campanha, mostrar rigidez nas propostas de segurança pública e se alinhar às políticas de amparo a policiais, na esteira do que propôs à presidência Jair Bolsonaro. Enquanto Doria declarou voto ao presidenciável do PSL no mesmo dia do resultado do primeiro turno, França terceirizou o discurso para sua candidata a vice e para Major Olimpio.

Ao lado de apoiadores de Bolsonaro, Doria reafirmou defender uma reavaliação do PSDB. "Revisar posições é prova de grandeza, de sintonia popular. Temos que estar mais próximos do desejo majoritário da população", disse. Ele rechaçou deixar o PSDB e ir para o PSL, mas fez um afago: "sou muito simpático ao PSL".

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos