Bolsonaro lidera, mas diferença para Haddad cai, indicam Ibope e Datafolha

Talita Marchao

Do UOL, em São Paulo

  • Montagem/UOL

As pesquisas Datafolha e Ibope divulgadas neste sábado (27), véspera do segundo turno das eleições presidenciais, trazem o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) na liderança, mas os números indicam que diminuiu a diferença sobre Fernando Haddad (PT) na reta final da campanha.

Segundo o Datafolha, Bolsonaro tem 55% das intenções de votos válidos, contra 45% de Haddad. Segundo o instituto, a diferença entre os dois caiu de 18 para 10 pontos percentuais em nove dias.

Já o Ibope diz que Bolsonaro tem 54%, contra 46% de Haddad. O instituto aponta que a diferença caiu de 14 para 8 pontos percentuais em quatro dias.

A margem de erro das pesquisas é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. São considerados votos válidos aqueles que excluem brancos e nulos, ou seja, os que necessariamente são declarados a favor de uma candidatura.

É preciso considerar que nas pesquisas de intenção de voto não é possível estimar o índice de abstenção, quando os eleitores não comparecem à votação. No segundo turno das eleições de 2014, a abstenção foi de 21,1% , enquanto, em 2010, 21,5% dos eleitores não compareceram às urnas no segundo turno.

"Possível, sim, porém improvável", diz diretor-geral do Datafolha

Em entrevista à GloboNews, Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, disse que Haddad tem chance de virar, mas que é algo pouco provável de acontecer.

"Possível, sim, porém improvável considerando o comportamento do segundo turno em eleições anteriores. Mas, repito, essa eleição é atípica. Não sei se isso pode acontecer agora", declarou.

"Diria que nós, os institutos [de pesquisas], estamos aprendendo muito com a influência das redes sociais, a forma como as 'fake news' são dispersadas e o alcance delas, não sei como isso pode afetar o comportamento do eleitor amanhã", disse.

A queda na distância entre Bolsonaro e Haddad é resultado de uma semana em que a campanha do candidato do PSL foi marcada por polêmicas. Além das denúncias de que empresários pró-Bolsonaro compraram pacotes de impulsionamento de mensagens contra o PT pelo aplicativo, um vídeo em que o deputado reeleito Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do candidato à presidência, fala sobre o fechamento do STF viralizou, despertando críticas inclusive de integrantes da corte.

Além disso, o candidato do PSL foi duramente criticado após afirmar que baniria os "marginais vermelhos" do país, dizendo que opositores terão que escolher entre ir "para fora" ou "para a cadeia".

Além disso, a semana foi marcada por ações policiais, autorizadas pela Justiça Eleitoral, em universidades de todo o país, cancelando eventos, interrompendo aulas, apreendendo documentos e removendo faixas (contra ditadura e o fascismo, por exemplo) que supostamente beneficiariam determinada candidatura. As ações tinham como base a lei eleitoral, que proíbe propaganda eleitoral em espaços públicos, e foram suspensas após medida cautelar da ministra do STF Cármen Lúcia.

Votos totais

Considerando os votos totais, que incluem brancos, nulos e indecisos, Bolsonaro tem vantagem de oito pontos sobre Haddad no Datafolha. No Ibope, a diferença é de seis pontos.

Datafolha (votos totais)

  • Jair Bolsonaro (PSL): 47%
  • Fernando Haddad (PT): 39%
  • Brancos/nulos: 8%
  • Indecisos: 5%

O Datafolha ouviu 18.371 eleitores entre os dias 26 e 27 de outubro em 340 municípios. A pesquisa tem nível de confiança de 95% e foi contratada pela "Folha de S. Paulo" e a TV Globo. Ela está registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número BR-02460/2018.

Ibope (votos totais)

  • Jair Bolsonaro (PSL): 47%
  • Fernando Haddad (PT): 41%
  • Brancos/nulos: 10%
  • Indecisos: 2%

A pesquisa do Ibope ouviu 3.010 pessoas entre os dias 26 e 27 de outubro, e tem intervalo de confiança de 95%. Ela está registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número BR-02934/2018.

Mais cedo, foi divulgada uma pesquisa do instituto MDA, encomendada pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), que também apontava Bolsonaro com vantagem. O candidato do PSL aparece com 56,8% dos votos válidos, enquanto Haddad tem 43,2%.

Índices de rejeição estáveis

Os institutos de pesquisa também avaliaram a rejeição aos candidatos. De acordo com o Datafolha, a taxa de rejeição de Haddad é de 52%, enquanto a de Bolsonaro é de 45%.

Segundo o Ibope, o número de eleitores que "não votariam de jeito nenhum" em Haddad passou de 41% para 44%. Já o índice de rejeição de Bolsonaro passou de 40% para 39%.

Último dia: Haddad na favela e Bolsonaro na web

Em seu último evento público de campanha, Haddad fez uma "Caminhada pela Paz" na favela Heliópolis, a maior da cidade de São Paulo. Ele agradeceu o apoio de Joaquim Barbosa, ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), que declarou voto no petista neste sábado.

No resto do dia, o candidato do PT participou de transmissões ao vivo no Facebook com artistas e eleitores. Mas a campanha de Haddad termina sem o apoio explícito de Ciro Gomes (PDT), que optou por não declarar voto no segundo turno.

Bolsonaro passou o último dia de campanha em sua casa, na Barra da Tijuca, no Rio, onde se recupera desde que foi esfaqueado, em setembro. O candidato do PSL fez uma transmissão ao vivo em sua página no Facebook, onde fez comentários sobre o apoio de Barbosa a Haddad e voltou a falar a seus apoiadores que "as eleições não estão ganhas".

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