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Governistas conseguem entrar com pedido de prorrogação da CPI por prazo de 48 dias; oposição queria 180

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

31/10/2012 12h36Atualizada em 31/10/2012 13h27

Os parlamentares da base aliada do governo Dilma Rousseff conseguiram nesta quarta-feira (31) assinaturas de 212 deputados e 34 senadores para prorrogar o prazo dos trabalhos da CPI do Cachoeira até o final do ano legislativo, que se encerra em 22 de dezembro -- a oposição queria um prazo maior, de 180 dias.

Caso não fosse prorrogada, a comissão encerraria suas atividades no dia 4 de novembro.

Somente depois da checagem das assinaturas, é que a CPI oficialmente será prorrogada. As Mesas Diretoras da Câmara e do Senado não têm prazo regimental para a conferência das assinaturas.

O requerimento governista de aumento de 48 dias foi protocolado por volta das 12h pelo chefe de gabinete da liderança do PT na Câmara dos Deputados, Marcos Braga.

Para a oposição impor o prazo de 180 dias, precisa entregar as assinaturas até a meia-noite do próximo domingo.

A prorrogação por 180 dias é defendida pela oposição (DEM, PSDB, PTB, PSOL, PDT e PPS), e a prorrogação apenas até o final do ano (prazo de 48 dias), antes do recesso parlamentar, defendida pela base governista (PT e PMDB).

Para ser aprovada, a proposta de prorrogação que irá valer é aquela que tiver as assinaturas de um terço dos parlamentares, o equivalente a 171 deputados e 27 senadores, número já alcançado pelos governistas.

Apesar do esforço e do prazo até domingo para a coleta de assinaturas, o vice-líder do DEM na Câmara, Onyx Lorezoni reconhece que a oposição mais os dissidentes da base governista juntos não suficientes para chegar o número de 198 parlamentares (171 deputados e 27 senadores). 

“Não é uma questão de desistir do requerimento, nós temos uma impossibilidade numérica. O povo elegeu 413 de situação e 100 de oposição”,  afirmou o deputado, que conseguiu 114 até o momento.

No Senado, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) conseguiu 35 assinaturas, mas como a comissão é mista (composta por senadores e deputados), protolocar apenas um das partes não é o suficiente para substituir a proposta governista de prazo menor.

“Vocês assistiram à maior pizza da história do Congresso. Este é o molho que faltava na pizza”, afirmou Randolfe depois da sessão de hoje da CPI.

Se a oposição conseguir as assinaturas e elas forem válidas, a proposta mais abrangente se sobrepõe à menos abrangente, segundo a Mesa Diretora do Congresso.

Requerimentos

Por 17 votos a favor e nove contra, os parlamentares que integram a CPI aprovaram nesta quarta um requerimento do relator do caso, o deputado federal Odair Cunha (PT-MG), de adiar a votação dos mais de 500 requerimentos que pediam para quebrar sigilos e chamar  testemunhas para depor sobre a relação de supostas empresas fantasmas com a construtora Delta e o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

“Vamos marcar a missa de sétimo dia”, ironizou o deputado federal  Vanderlei Macris (PSDB-SP).

Depois do resultado, a maioria dos integrantes sai da sala da comissão. “Os que votarem no adiamento estão protegendo o esquema criminoso do senhor Cavendish, da Delta, da maior empreiteira que recebeu recursos do PAC”, defendeu o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS). 

Bate-boca

Mais cedo na sessão de hoje, o tom das discussões subiu entre o líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), e o deputado peemedebista Leonardo Picciani (RJ). Eles divergiram sobre a ida do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), à comissão para explicar a relação dele com o ex-presidente da construtora Delta e a ligação da construtora com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que é investigado pela CPI.

“Sérgio Cabral passou a ser o principal suspeito da relação da Delta no Rio de janeiro”, afirmou Bueno.

Em resposta, Picciani chamou de “leviana” a fala do colega de parlamento, alegando que a relação entre Cabral e os ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish, era apenas pessoal e os contratos da Delta no Rio de Janeiro não teriam relação com Cachoeira.

“É de uma enorme leviandade”, resumiu Picciani. “[Cabral] não foi convocado nesta comissão porque das milhares de ligações [telefones interceptados] o nome dele não é citado sequer uma vez . O senhor Carlos Cachoeira não teve nenhuma atuação no Estado do Rio de Janeiro”, completou.

“Leviano é você”, respondeu Bueno. “Não venha blindar aqui, não”, continuou.