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Deputado petista adia novamente leitura do relatório final da CPI do Cachoeira

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

22/11/2012 10h51Atualizada em 22/11/2012 11h28

O deputado Odair Cunha (PT-MG), relator da CPI do Cachoeira, pediu na manhã desta quinta-feira (22) para adiar a leitura de seu relatório final sobre os trabalhos da CPI do Cachoeira, que tinha como objetivo investigar as relações do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos, servidores e empresários. Ontem, a leitura já havia sido adiada para hoje.

O pedido foi aceito pela presidência da CPI e a leitura será feita na próxima quarta-feira (28).

“Quero pedir que adiemos  a leitura do relatório para a  próxima semana na medida em que estou dialogando com pares sobre o conteúdo do nosso relatório e quero ultimar os esforços necessários de um diálogo possível”, justificou Cunha. 

O segundo pedido de adiamento em uma semana foi criticado pelo deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP). “A investigação foi pessoal, direcionada e restrita. Só foram poupados os aliados e atacados com veemência aqueles que a sanha persecutória do ex-presidente Lula determinou”, avaliou Sampaio.

Apesar da sessão não ter mais atividades para executar hoje, a decisão de Cunha de adiar a leitura começou a ser motivo de uma série de críticas dos integrantes da comissão com discursos duros sobre a falhas do relatório do deputado petista.

O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), por exemplo, destacou que um grupo de parlamentares da oposição irá  entregar ainda hoje uma representação ao Ministério Público Federal pedindo a abertura de inquéritos para investigar figurões que ficaram de fora da lista de 46 pessoas que o parlamentar petista pediu a responsabilização criminal.

O principal enfoque do texto dos parlamentares da oposição é o pedido de aprofundamento de investigações em relação aos governadores Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Agnelo Queiroz (PT-DF) e Siqueira Campos (PSDB-TO), que não são nem citados no relatório de Cunha.

Calhamaço

O documento de mais de 5.300 páginas foi entregue na madrugada de segunda para terça-feira (21) à comissão e na sessão de ontem teve a leitura adiada por entendimento do presidente e do relator da CPI para que os parlamentares tivessem o tempo regimental de 24h para ler o relatório.

O texto de Cunha propõe a responsabilização criminal de 12 pessoas com foro privilegiado, entre eles: o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB); o prefeito de Palmas, Raul de Jesus Lustosa Filho (PT); o ex-senador e procurador do Estado de Goiás, Demóstenes Torres, e o deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO).

Além disso, o parlamentar também pede o indiciamento de 46 pessoas, entre elas: o próprio Cachoeira; ex-presidente da construtora Delta, Fernando Cavendish; o ex-diretor regional da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu; a ex-mulher de Cachoeira, Andrea Aprígio, e a atual mulher dele, Andressa Mendonça.

Depois da análise de mais de 69.694 páginas referentes a sigilos bancários, 11.333 folhas relativas a quebras de sigilo fiscal de 75 pessoas físicas e jurídicas e 45.594 páginas de extratos de ligações telefônicas, num total de 1,1 terabyte de informação recebida, o relator identificou indícios para que o Ministério Público Federal apure a responsabilidade dessas pessoas (veja aqui a lista) e tome as medidas judiciais cabíveis.

Os integrantes da CPI têm até o dia 22 de dezembro para analisar o relatório de Cunha, fazer alterações e votá-lo. Se não for possível concluir este processo até o prazo, a comissão pode ser encerrada sem a aprovação de um documento final.