Topo

PC Farias sabia que estava sendo traído por Suzana e contratou detetive, diz irmão

Aliny Gama e Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

07/05/2013 12h05

O ex-deputado federal Augusto Farias disse, em depoimento na manhã desta terça-feira (7), no Fórum do Barro Duro, em Maceió, que seu irmão, o empresário Paulo César Farias, contratou detetives e sabia que estava sendo traído por Suzana Marcolino e iria acabar o relacionamento na noite em foi assassinado. 

Augusto presta depoimento no segundo dia do júri popular que vai decidir o destino dos quatro seguranças acusados de duplo homicídio por omissão de PC Farias e sua namorada, em 23 de junho de 1996. Os réus faziam a segurança da casa de praia e são acusados de duplo homicídio por omissão.

“Nós [da família] tínhamos um procurador em São Paulo [de nome Caio Ferraz], que me disse: 'usei o seu nome e contratei um detetive que fez uma investigação da vida de Suzana'. E foi feito um relatório e entregue a ele. Meu irmão iria acabar o namoro naquela noite e sabia que estava sendo traído por ela. E ele usava meu nome para que pudesse antecipar esse relatório, para que os detetives acelerassem para ele ter mais argumentos para acabar o namoro. Somente após a tragédia é que soube disso”, disse.

Segundo conta nas investigações dá polícia, Augusto é que teria contratado detetives para espionar a vida de Suzana Marcolino. O irmão disse ainda que “alertou” seu “amigo-irmão” do histórico de Suzana Marcolino, mas que nunca aconselhou o fim do relacionamento.

“Cabia a mim, como irmão e amigo, dizer a ele a opinião de cada um de nós. Alagoas é pequena, e disse a ele a vida pregressa que tinha ouvido da Suzana. Mas caberia a ele decidir. Nunca tive animosidade com ela, sempre a tratei respeitosamente”, afirmou Augusto Farias.

PC era o timoneiro da família

O ex-deputado também citou que teve problemas com ex-mulher de PC Farias, Elma Farias. “[O relacionamento] Nunca foi bom porque ela tinha ciúme da nossa amizade. Eu não falava com ela, e nunca tive um bom relacionamento. Mas quanto mais ela fazia para nos afastar, mais nos amávamos”, afirmou.

Para Augusto, o irmão mais velho sempre foi uma espécie de padrinho da família. “Nosso irmão sempre foi timoneiro da família, encaminhou todos nós. Pode existir família tão unida como a nossa, mas não existe mais unida. Tudo que temos hoje devemos a Paulo, direta ou indiretamente. Ele ensinava a pescar, mas nunca dava o peixe assado”, assegurou.

Em outra confidência feita a Augusto, PC Farias teria dito que pretendia acabar com o namoro com Suzana. “Ele me disse que queria acabar o namoro para tentar uma relação com a Claudia Dantas, que teria exigido, para isso, que estivesse desempedido. Mas não fui eu que a apresentei a ele”, afirmou.

Dantas é uma das testemunhas de defesa e deve prestar depoimento ainda nesta terça-feira. Sobre a notícia das mortes, Augusto disse ter ficado desesperado ao chegar na casa e ver os corpos. “Entrei em desesperado total. Disse: 'ele não está morto, não tem sangue, não tem nada. envenenaram meu irmão.' 

Laudo

Indiciado pela polícia como suposto mandante do crime, ele culpou a mídia pela acusação à época do crime. “São 17 anos de sofrimento. Quem me conhece sabe que não é veredade, mas o poder da mídia é muito grande. Será que se fosse um outro irmão meu que chegasse antes eles iriam me imputar o crime?”, indagou.

Sobre a suspeita de “comprar” o primeiro laudo, que aponta para crime passional, o deputado negou. “A primeira vez que vi Badan Palhares na vida foi ontem, aqui [no Fórum]. “Nem eu, nem meus irmãos tivemos contato com ele”, garantiu.

Durante o julgamento, Augusto Farias disse que não “estava totalmente convencido de que esses quatro homens são inocentes”, disse, sendo repreendido imediatamente pelo juiz Maurício Brêda, que preside o júri. “Os réus têm advogados, isso aqui não é lugar de discurso, é para dar respostas. E baixe o tom de voz, por favor”, disse o magistrado.