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Cerveró nega irregularidades com apartamento em depoimento à CPI

O ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, presta novo depoimento à CPI - Gustavo Lima/Câmara dos Deputados
O ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, presta novo depoimento à CPI Imagem: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados

Bruna Borges

Do UOL, em Brasília

10/09/2014 18h03Atualizada em 10/09/2014 19h00

O ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró negou nesta quarta-feira (10) irregularidades com o registro do apartamento que alugava no Rio de Janeiro durante depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) mista que investiga a estatal.

O imóvel é avaliado em R$ 7,5 milhões e, segundo a revista “Veja”, pertence a uma empresa offshore com sede no Uruguai. Questionado pelo deputado Rubens Bueno (PPS-PR) sobre a suspeita, Cerveró negou que haja irregularidades, mas não explicou a transação. 

"Estamos diante do caso mais escabroso da história brasileira. E ainda não chegamos ao chefe, mas vamos chegar. Como é que o senhor morava no mesmo apartamento de uma empresa?", perguntou Bueno.

Cerveró respondeu que a informação estava “equivocada” e que pagava o aluguel em cheque de sua conta corrente. O ex-diretor disse ainda que pagava entre R$ 7 mil e R$ 8 mil e que precisou deixar o imóvel quando foi demitido da Petrobras. “Há três meses precisei sair porque fiquei desempregado. O meu salário era alto e me permitia pagar um aluguel elevado”, afirmou.


"A locação foi feita por intermédio de Marcelo Oliveira, que trabalhou na área internacional da Petrobrás. Foi uma oportunidade e ele era o administrador deste apartamento aqui no Brasil", afirmou Cerveró.  

O ex-diretor também afirmou que o TCU (Tribunal de Contas da União) cometeu um “equívoco” ao analisar o caso da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Para Cerveró, o TCU utilizou o cenário errado de um relatório elaborado pela consultoria Muse & Stancil para analisar a compra.

Em julho, uma decisão do TCU (Tribunal de Contas da União) determinou o bloqueio de bens de Cerveró e mais dez diretores por um ano pelos prejuízos causados pela aquisição da refinaria americana de Pasadena. Os diretores foram responsabilizados devem devolver US$ 792 milhões aos cofres públicos. Durante o depoimento à CPI, Cerveró afirmou que o TCU não determinou ainda a indisponibilidade de seus bens.

O ex-diretor transferiu imóveis para parentes quase um ano após o TCU começar a investigar a compra da refinaria. A revelação foi feita pelo site do jornal "O Globo". Durante seu depoimento, Cerveró disse não ver problemas na doação dos bens.

Em depoimento à CPI, Cerveró disse que foram feitos 27 cenários pela consultoria para avaliar o preço a ser pago pela primeira metade da refinaria de Pasadena.  Os cenários consideram preços da refinaria como está e caso fosse passar por adaptação para operar petróleo pesado. O TCU utilizou o cenário de uma avaliação da refinaria de US$ 186 milhões para basear sua decisão de que houve pagamento acima do valor que deveria.

Cerveró afirmou que o cenário adequado para a análise supera os US$ 300 milhões e que os valores pagos – os US$ 360 milhões da compra da primeira metade - estavam de acordo com valores recomendados pelo Citigroup, que realizou a análise sobre o preço.

O executivo também repetiu o que já havia dito em depoimentos anteriores na Câmara e na CPI da Petrobras exclusiva do Senado. O ex-diretor voltou defender a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e isentou a presidente Dilma Rousseff (PT) da responsabilidade na operação. A presidente presidia o Conselho de Administração da estatal quando o colegiado aprovou a aquisição de 50% da refinaria em 2006. Pasadena é investigada por suspeita de ter representado prejuízo milionário à Petrobras.