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De posto de combustível, Lava Jato "evoluiu" e apura fraudes bilionárias; entenda

Do UOL, em Brasília

14/11/2014 17h00Atualizada em 11/12/2014 17h05

Um esquema bilionário de lavagem e desvios de dinheiro envolvendo a Petrobras veio à tona em março deste ano, quando a PF deflagrou a operação Lava Jato. Na época, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, considerado o chefe do esquema, foram presos.

A operação recebeu o nome Lava Jato porque em um dos desvios de dinheiro o grupo usava uma rede de lavanderias e postos de combustíveis para movimentar os valores. Curiosamente, o posto que deu origem às investigações fica no Distrito Federal e não tem um lava-jato entre suas instalações. Segundo a "Folha de S.Paulo", o posto pertence a Carlos Habib Chater, que operava uma casa de câmbio no DF.

Mas o que começou como uma investigação local cresceu e agora, na última fase, investiga as maiores empreiteiras do país, com contratos que somam R$ 59 bilhões com a Petrobras, suspeitas de pagar propinas para fechar contratos com a estatal.

Desde março, novos detalhes têm revelado o tamanho do esquema: foram ao menos R$ 10 bilhões movimentados, de acordo com a PF. Uma das suspeitas é que o dinheiro desviado tenha sido utilizado para financiar partidos da base do governo.

Para tentar reduzir uma futura pena, Youssef e Costa realizaram delações premiadas -- acordo entre o Ministério Público e o réu que colabora com informações à Justiça para auxiliar nas investigações. Segundo as revistas "Veja" e "IstoÉ", Costa revelou o nome de vários parlamentares aliados ao governo e governadores que teriam recebido propina para ajudar no fechamento de contratos da Petrobras.

A relação dos citados pelo ex-diretor da Petrobras incluem o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN); o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL); o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB); e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), morto em agosto, entre outros.

Juízo Final

Nesta última etapa, batizada de "Juízo Final", participaram 300 policiais federais e 50 servidores da Receita Federal. Na sexta-feira (14) foram cumpridos 23 mandados de prisão (entre preventiva e temporária), e vários de condução coercitiva – quando a pessoa não é presa, mas é obrigada a dar esclarecimentos - e de busca e apreensão nos Estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, além do Distrito Federal.

No dia 11 de dezembro, o MPF do Paraná denunciou 35 supostos integrantes do esquema.

Fernando Soares, apontado como operador ligado ao PMDB,  que estava foragido, se entregou à PF no dia 18 de novembro. O último foragido do caso, Adarico Negromonte, apontado como operador do PP, entregou-se em 24 de novembro.

Também no dia 18 de novembro, 11 investigados na operação deixaram a carceragem da Superintendência da Polícia Federal no Paraná após a soltura deles ter sido determinada pela Justiça, segundo a PF. Outros 13 continuam presos.

Os investigados responderão pelos crimes de organização criminosa, formação de cartel, corrupção, fraude à Lei de Licitações e lavagem de dinheiro.