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Grupos antigoverno querem 'união racial' contra Dilma e rejeitam oposição

Do UOL, em São Paulo

30/03/2015 16h31

Em debate promovido pelo UOL e a "Folha de S.Paulo" na tarde desta segunda-feira (30) com líderes de dois movimentos populares antigoverno --o advogado Cláudio Camargo, do grupo QueroMeDefender, o estudante Fernando Holiday, do MBL (Movimento Brasil Livre)-- defenderam a união de diversas classes sociais e raciais em prol de uma grande onda de oposição à presidente Dilma Rousseff.

Os representantes dos movimentos, que ajudaram a levar cerca de 2 milhões de pessoas para as ruas no último dia 15 de março, explicaram suas respectivas reivindicações políticas e econômicas para o país. Em comum, afirmaram que o sentimento de descrença com o PT não existe apenas da elite econômica ou entre os brancos. "Não vemos brancos ou negros, pobres e ricos, mas pessoas que estão sofrendo com tanta incompetência", diz Holiday.

O jornalista do UOL Josias de Souza e a repórter especial da "Folha" Patrícia Campos Mello mediaram o debate, que marcou outro ponto comum aos dois movimentos: a atual falta de representatividade nos políticos eleitos nas últimas eleições. "Não me sinto representado por nenhum deles a nível federal", disse Camargo.

Holiday concordou, aproveitando para atacar a atual bancada da oposição: "Queremos que eles façam seu trabalho, pois estão ganhando boladas [sic] pra ver o povo sofrer. Eles mantêm uma postura frouxa".

No entanto, o líder do MBL tentou defender a importância dos líderes do PMDB no Legislativo, Renan Calheiros e Eduardo Cunha, fazerem algum tipo de contraponto a Dilma mesmo que estejam sendo acusados de crimes na Operação Lava Jato. "A corrupção do PT é pior", justificou.

Perguntados se um político como o ex-candidato a presidente do PSDB, Aécio Neves, seria hostilizado nos atos de 15 de março, Cláudio Camargo disse crer que não aconteceria, mas ele "não o representa". Já Fernando Holiday disse que outros políticos foram aos protestos, "mas pra participar dentro de um movimento, não como líderes. Não me sinto representado pela oposição hoje".

Enquanto Camargo se diz um opositor moderado e não crê por enquanto no impeachment de Dilma por não haver ainda provas de improbidade administrativa contra ela, o MBL de Holiday defende a saída do PT do comando do país como sua principal bandeira, pois para ele, a presidente supostamente tem crime de responsabilidade na crise da Petrobras quando ocupou cargo no conselho da estatal.

Holiday disse ainda que o protesto contra o governo, marcado para o próximo dia 12, irá pedir a saída da presidente e que a oposição precisa escutar as vozes das ruas. "O povo não aguenta mais incompetência", diz.