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Frota do casal Cunha tem dois Porsches, BMW e é avaliada em quase R$ 1 mi

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

16/10/2015 12h29Atualizada em 16/10/2015 14h02

A PGR (Procuradoria Geral da República) identificou uma frota de carros de luxo que são utilizados pela família do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e que estaria em nome de empresas ligadas a Cunha e à sua mulher, a jornalista Cláudia Cruz. Entre os veículos, avaliados em R$ 940 mil, há dois Porsches, uma BMW e cinco SUVs.

Os dados revelados pela PGR fazem parte do novo pedido de abertura de inquérito feito pelo órgão contra Cunha, Cláudia Cruz, e a filha de Cunha, Danielle Cunha.

Na última quinta-feira (15), o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou a abertura do novo inquérito contra os três para, entre outras coisas, investigar as contas secretas na Suíça atribuídas a Cunha e a Cláudia Cruz. 

Segundo a PGR, há indícios de que o dinheiro movimentado pelas contas, que não foram declaradas por Cunha à Justiça Eleitoral, tenha origem no pagamento de propinas do esquema investigado pela operação Lava Jato, que apura irregularidades em contratos de estatais como a Petrobras e a Eletronuclear.

Cunha nega ter participado do esquema e ter contas no exterior. Em março deste ano, ele disse à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras que não mantinha contas no exterior. 

O pedido de abertura de inquérito contra Cunha, Cláudia Cruz e sua filha, utiliza dados do Infoseg, uma rede nacional de informações sobre segurança pública. Segundo os dados apresentados pela PGR, o carro mais caro da frota utilizada pelo casal é um Porsche Cayenne S, ano 2013.

O automóvel é avaliado em R$ 429,4 mil e está em nome de uma das empresas do casal, a Jesus.com, firma supostamente especializada em serviços de “promoções e propaganda”. O segundo mais caro é um outro Porsche Cayenne, ano 2006, avaliado em R$ 122,6 mil, registrado em nome Cláudia Cordeiro Cruz. 

Os dados sobre a frota do casal fazem parte da argumentação da PGR para a abertura de um novo inquérito contra Cunha. A PGR alega, também, que entre 2002 e 2014, o patrimônio declarado por Eduardo Cunha à Justiça Eleitoral aumentou 214%, saindo de R$ 522.768,00 em 2002 para R$ 1.649.226,10 em 2014. 

O novo inquérito contra Cunha é a o episódio mais recente da sucessão de medidas tomadas contra o presidente da Câmara nesta semana. Na última terça-feira (13), o PSOL e a Rede denunciaram Cunha no Conselho de Ética da Câmara por quebra de decoro parlamentar. Segundo os parlamentares, as revelações sobre as contas de Cunha no exterior indicam que ele mentiu durante o depoimento na CPI da Petrobras, o que indicaria uma quebra de decoro. 

Declarações à Justiça Eleitoral

Os veículos identificados pela PGR não aparecem nas duas últimas declarações de bens feitas por Cunha à Justiça Eleitoral em 2010 e 2014, já que estão em nome de empresas. Em 2010, Cunha declarou ser o dono de um Santana avaliado em R$ 25 mil, um Toyota Corolla no valor de R$ 60 mil e um veículo da marca Mitsubishi avaliado em R$ 101,5 mil. Em 2014, o deputado declarou apenas ser o dono do mesmo Toyota Corolla declarado em 2010, no valor de R$ 60 mil. 

A reportagem do UOL ligou para o telefone celular do advogado de Eduardo Cunha, Antônio Fernando de Souza para comentar o assunto, mas ele não atendeu às chamadas.