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Protesto "Fora, Cunha" interrompe entrevista do presidente da Câmara

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

21/10/2015 16h45Atualizada em 21/10/2015 17h49

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi alvo de protestos pedindo a sua renúncia nesta quarta-feira (21), em Brasília. O protesto aconteceu durante uma entrevista coletiva que ele dava na Câmara. Um grupo de pelo menos dez pessoas carregando cartazes com o rosto do político e a frase “Fora Cunha” interrompeu a entrevista.

Cunha é suspeito de ter participação no esquema da operação Lava Jato e de ter contas secretas na Suíça abastecidas com dinheiro de propina. 

A entrevista começou por volta das 16h e aconteceu no mesmo dia em que ele recebeu um pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT), entregue por líderes de partidos de oposição. 

Em pelo menos três momentos, a entrevista foi interrompida.

A primeira interrupção foi feita pela deputada federal Clarissa Garotinho (PR-RJ), opositora do deputado. “Quando vossa excelência vai renunciar?”, perguntou. Ao ouvir a pergunta, Cunha apenas sorriu para as câmeras e ficou em silêncio.

As outras interrupções aconteceram no final da entrevista, quando um grupo de manifestantes iniciou o coro dizendo “Fora, Cunha”. Os gritos foram respondidos por assessores do presidente e integrantes de movimentos pró-impeachment, que começaram a gritar “Fora, Dilma”. Não houve confronto.

A funcionária pública Rosa Simiana dos Santos, 56, disse que a manifestação foi organizada por militantes em defesa dos direitos humanos e por parlamentares do PSOL, como o líder do partido na Casa, Chico Alencar (RJ).

“Nós nos organizamos para aglutinar o máximo de gente possível para fazer isso”, afirmou. “Se o povo tiver vergonha na cara, [as manifestações contra Cunha] vão aumentar”, disse Rosa Simiana.

Eduardo Cunha virou um dos principais alvos da operação Lava Jato desde que o empresário Júlio Camargo afirmou em depoimento que pagou US$ 5 milhões em propinas ao deputado

No início deste mês, o Ministério Público da Suíça enviou à PGR (Procuradoria Geral da República) documentos indicando que Cunha mantinha pelo menos quatro contas secretas no país europeu e que havia suspeitas de que os recursos movimentados pelas contas eram fruto de lavagem de dinheiro.

No último dia 14, o PSOL e a Rede denunciaram Cunha por quebra de decoro parlamentar junto ao Conselho de Ética da Câmara. Os partidos argumentam que Cunha mentiu em seu depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras em março deste ano quando disse não ter contas fora do país. 

Em nota, Cunha negou ter recebido propinas e reiterou seu depoimento junto à CPI

Questionado sobre as manifestações, Cunha disse não se incomodar. “Isso aí é normal”, disse o parlamentar.

Durante a entrevista, o peemedebista, que rompeu com o governo, criticou as pedaladas fiscais.  "A pedalada está virando uma motocicleta. Saiu da bicicleta e foi para motocicleta", declarou.