Assessor de vice-presidente tucano recebe do PSDB e da Assembleia de SP
O PSDB repassou, em 2015, R$ 80 mil ao jornalista Wagner Baddini Tronolone, assessor de comunicação do vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman. No mesmo período, Tronolone exercia o cargo de assistente parlamentar lotado no gabinete de outro tucano, o deputado estadual Antonio de Sousa Ramalho (SP), remunerado pela Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo).
Wagner Tronolone atuou como assessor parlamentar entre dezembro de 2014 e fevereiro de 2016. Durante todo o ano de 2015, ele ocupou o cargo de assistente parlamentar de nível III, recebendo da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) uma remuneração que variou entre R$ 4,4 mil e R$ 4,8 mil por mês para trabalhar por 40 horas semanais.
Nesse mesmo período, a empresa Tronolone & Tavares Comunicação Ltda, da qual Wagner Tronolone é sócio-administrador, recebeu dez pagamentos no valor de R$ 8.000 cada, totalizando R$ 80 mil para fazer a assessoria de comunicação de Goldman. Segundo Tronolone, o PSDB é o único cliente da empresa no momento. O dinheiro foi pago via fundo partidário.
Para dar conta de suas duplas atribuições como assessor parlamentar e assessor de imprensa de Goldman, Tronolone disse que aproveitava o fato de não ser obrigado a “ficar preso” na Assembleia Legislativa e que costumava se encontrar com o vice-presidente tucano fora do horário do expediente.
“Não era uma coisa que eu ficava preso dentro do gabinete. Como assessor (parlamentar), você acompanha, vai à rua. Num momento que não tinha agenda, você consegue dar uma saída e vai ajeitando”, disse Tronolone.
Militância, jornada e remuneração dupla
Além fazer dupla jornada para assessorar integrantes do PSDB, Wagner Tronolone também encontrou tempo, em 2015, para ser um membro relativamente importante dentro da militância tucana.
Ele foi um dos fundadores do movimento Diversidade Tucana, que atua na defesa dos direitos da comunidade LGBT, cujo braço paulista ele presidiu até meados de 2015. Atualmente, ele também exerce o cargo de secretário de comunicação do movimento, cargo sem remuneração.
Tronolone disse que o fato de receber tanto da Alesp quanto do PSDB para assessorar integrantes do partido ao mesmo tempo não o constrange. “Não me sinto constrangido. Sou graduado e pós-graduado e eu presto, efetivamente, os serviços para os quais fui contratado. Se fosse uma situação de empresa ou funcionário fantasma, tudo bem, mas não é o caso”, afirmou.
Questionado pela reportagem do UOL, o vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman, disse, por meio de nota, não ver nenhum motivo de “constrangimento” na contratação de Tronolone.
“O jornalista Wagner Tronolone trabalha comigo desde 2004, quando eu era deputado federal, e me acompanhou durante minha passagem pelo governo de São Paulo. E, através da empresa Tronolone & Tavares Comunicação, tem prestado serviços de assessoria útil ao desempenho da minha função de vice-presidente nacional do PSDB. Não encontro qualquer motivo de constrangimento e/ou ilegalidade na relação mantida”, disse a nota enviada por Goldman.
A análise das contas dos partidos é feita pela Asepa (Assessoria de Exame de Contas Eleitorais e Partidárias), vinculada ao TSE, e isso ainda não tem prazo para ocorrer.
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