Jorge Picciani, presidente da Alerj, é diagnosticado com câncer na bexiga
O presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), Jorge Picciani (PMDB), foi diagnosticado com um tumor na bexiga, segundo nota divulgada esta terça (4) pelo Legislativo fluminense.
Segundo o comunicado, os médicos de Picciani "identificaram um pequeno tumor, de cerca de 15 milímetros, na bexiga do deputado, mesmo órgão onde ele teve um câncer, no fim de 2010, e do qual estava curado." A nota diz ainda que o deputado fará "exames mais conclusivos" na quinta (6), quando devem ser divulgados "mais detalhes de quando será feita a cirurgia e o tempo que ele precisará ficar de licença."
A notícia sobre a doença vem a público menos de uma semana após o político prestar depoimento à Polícia Federal, no dia 29, sob condução coercitiva --ou seja, quando a pessoa é obrigada a depor mediante decisão judicial --na operação O Quinto do Ouro, que investiga um esquema de pagamento de propina oriunda de dinheiro desviado do poder público. Na mesma operação, cinco dos sete conselheiros do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado) foram presos.
No dia seguinte ao depoimento, em discurso na Alerj, Picciani disse ter sido vítima de um constrangimento causado por Jonas Lopes, ex-presidente do TCE-RJ, que fez acordo de delação premiada. O deputado negou ter cometido irregularidades e afirmou que Lopes é aliado do ex-governador Anthony Garotinho, a quem chamou de seu "maior detrator na política". Garotinho negou ter qualquer influência sobre Lopes.
Fiador do governo Pezão
Picciani foi eleito em janeiro para seu sexto mandato como presidente da Alerj e tem sido o principal suporte do governo de Luiz Fernando Pezão (PMDB) para a votação de medidas anticrise. Na terça passada (28), ele esteve em Brasília, onde se encontrou com o presidente Michel Temer e diversas lideranças do PMDB.
O presidente da Alerj também é pai do ministro do Esporte, Leonardo Picciani, e do deputado estadual Rafael Picciani, todos do PMDB.
Na sexta (31), o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou que Pezão e Picciani sejam ouvidos em cinco dias sobre a ação direta de inconstitucionalidade que pede a anulação da lei que autorizou a privatização da Cedae, a estatal fluminense de água e esgoto. A ação foi apresentada pelos partidos Rede e PSOL.
A privatização foi apresentada pelo governo estadual como uma medida necessária para validar o acordo de recuperação fiscal firmado com a União. A permissão para privatizar a Cedae foi aprovada pela Alerj, e o governo a sancionou no dia 8 de março.
Os partidos, na ação declaratória de inconstitucionalidade apresentada ao Supremo, alegam que a empresa é lucrativa e a privatização produziria "apenas um alívio muito provisório nas contas estaduais", mas "em curto prazo as contas novamente se desequilibrarão, e o Estado não mais poderá contar com os dividendos obtidos junto à empresa". A forma de aprovação também é questionada pelos partidos, que afirmam ter faltado uma discussão mínima a respeito e que os direitos das minorias na Alerj não foram garantidos.
Problemas de saúde também afetaram Pezão e Dornelles
Picciani não é o primeiro nome de peso da política fluminense a enfrentar problemas de saúde nos últimos tempos. Em março do ano passado, Pezão se afastou do comando do Estado para tratar de um câncer linfático. Exames no fim de julho mostraram que o governador estava curado. Ele reassumiu o cargo em novembro.
Durante a licença médica do governador, o Executivo do Rio foi chefiado por seu vice, Francisco Dornelles (PP), que posteriormente também teve que se afastar de suas funções para cuidar da saúde. Entre os dias 20 e 25 de março, Dornelles foi internado para uma cirurgia urológica “de rotina”, segundo o governo estadual.
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