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Presidenciáveis na mira da Lava Jato: entenda as suspeitas contra potenciais candidatos

Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

17/04/2017 04h00Atualizada em 17/04/2017 11h20

A lista do Fachin, divulgada na última terça-feira (11), e os detalhes das delações de ex-executivos da Odebrecht atingiram em cheio dezenas de políticos brasileiros, entre eles, muitos nomes cotados para a disputa presidencial do próximo ano, que aparecem na última pesquisa Datafolha, divulgada em dezembro do ano passado.

Diante de um cenário político com tantas incertezas, muitos especialistas não arriscam dizer quem estará apto a disputar o pleito em 2018. Muitos cogitam a possibilidade de a disputa ser dominada pelos chamados "outsiders", ou seja, nomes que estão fora da elite política do país.

Segundo a atual legislação eleitoral, um político só não pode concorrer se for condenado em segunda instância, ou seja, por um colegiado de juízes. Condenações por um juiz de primeira instância não inviabilizam uma candidatura.

Veja um resumo das principais suspeitas e acusações contra os presidenciáveis.

Lula - Beto Macário/UOL - Beto Macário/UOL
Imagem: Beto Macário/UOL

Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

Líder nas simulações de primeiro turno do Datafolha, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é réu em cinco ações penais que já correm na Justiça comum. Lula ainda pode ser alvo de mais seis inquéritos criminais elaborados a partir das delações de executivos do grupo Odebrecht.

O ex-presidente já é réu em três processos decorrentes da operação Lava Jato --todas correm na primeira instância. Lula também é réu em outro processo decorrente da operação Janus --um desdobramento da Lava Jato-- e em um na operação Zelotes. 

No âmbito da Lava Jato, no primeiro caso em que virou réu, o ex-presidente responde por tentar obstruir as investigações para evitar a colaboração premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. No segundo, é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, por supostamente ter recebido vantagens indevidas na construção e reforma de um tríplex no Guarujá (SP) e no pagamento do armazenamento de seu acervo pessoal.

O último processo em que virou réu, em dezembro de 2016, o MPF denunciou o ex-presidente pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por contratos firmados entre a Petrobras e a Odebrecht. Ele seria o "responsável por comandar uma sofisticada estrutura ilícita para captação de apoio parlamentar, assentada na distribuição de cargos públicos na administração federal".

Na lista do Fachin enviada a instâncias inferiores, Lula é citado em seis acusações e pode responder a novos processos.

Como Lula não tem foro privilegiado, as seis petições foram encaminhadas à Justiça Federal do Paraná – comandada pelo juiz Sérgio Moro, que vai agora decidir sobre a abertura dos inquéritos. Conheça o que motivou os pedidos de abertura de inquérito contra Lula, que serão avaliados em Curitiba. 

Outro lado: Lula nega todas as acusações. Sempre que perguntado, costuma repetir que nunca pediu valores a empresários, e os desafia a provarem as acusações. Na quinta-feira (13), em entrevista a uma rádio de Salvador, disse que se alguém pediu dinheiro em seu nome "deve ser preso." Ele também nega que seja proprietário do tríplex. O Instituto Lula ainda acusa a força-tarefa da Lava Jato de promover "uma perseguição ao ex-presidente com o objetivo impedir que Lula seja candidato em 2018".

Aécio Neves - Alan Marques/Folhapress - Alan Marques/Folhapress
Imagem: Alan Marques/Folhapress

Aécio Neves (PSDB)

Com a abertura de cinco inquéritos por conta de delações da Odebrecht, autorizadas pelo ministro Edson Fachin, o presidente do PSDB responde agora a sete inquéritos. Os dois primeiros investigam um suposto recebimento de propina em Furnas e a manipulação em dados da CPI dos Correios, em 2005.

Já na lista do Fachin, outras cinco suspeitas serão analisadas. Delatores da Odebrecht afirmam que repassaram dinheiro em troca do apoio dele a obras da Odebrecht no Rio Madeira e nas usinas hidroelétricas de Santo Antônio e Jirau. Outra denúncia de executivos da empreiteira aponta que ele, ainda enquanto governador de Minas Gerais, em 2007, formou um cartel de empreiteiras para construção da "Cidade Administrativa".

Um terceiro caso cita pedido de doações para campanha de Antônio Anastasia ao governo de Minas, em 2010. Os repasses, segundo os delatores, chegaram a R$ 5,47 milhões. Um quarto inquérito também vai investigar vantagens indevidas feitas como doação à campanha à Presidência em 2014, e para campanhas de Antonio Anastasia, ao Senado, e Pimenta da Veiga, ao governo mineiro.

Outro lado: Em nota, o senador diz que "considera importante o fim do sigilo sobre o conteúdo das delações, iniciativa solicitada por ele ao ministro Edson Fachin na semana passada, e considera que assim será possível desmascarar as mentiras e demonstrar a absoluta correção de sua conduta."

José Serra - Jorge Araújo/Folhapress - Jorge Araújo/Folhapress
Imagem: Jorge Araújo/Folhapress

José Serra (PSDB)

Serra é suspeito de receber doações ilegais de R$ 2 milhões --para campanha à Prefeitura de São Paulo em 2004-- e de R$ 4 milhões --para campanha ao governo do Estado em 2006. Em troca, ele teria facilitado contratos da Odebrecht em São Paulo, durante o periodo que governou o Estado e a capital paulista. Além disso, Serra recebeu, segundo delator, R$ 23 milhões via caixa 2 da Odebrecht em contas secretas na Suíça para campanha de 2010.

Outro Lado: Em nota, Serra nega as ilegalidades apontadas e garante que as campanhas sempre foram conduzidas pelo partido na forma da lei. Diz que provará "lisura de sua conduta" no STF.

Alckmin - Marco Ambrosio/FramePhoto/Estadão Conteúdo - Marco Ambrosio/FramePhoto/Estadão Conteúdo
Imagem: Marco Ambrosio/FramePhoto/Estadão Conteúdo

Geraldo Alckmin (PSDB) 

O caso do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin será, por prerrogativa de foro, analisado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), que decidirá se abre inquérito contra o tucano. Segundo delação da Odebrecht, o governador recebeu R$ 10,7 milhões em dinheiro vivo por meio do cunhado dele. Delatores afirmam que os repasses eram feitos para manter a Odebrecht como uma empresa a ser favorecida para obter contratos de obras de infraestrutura no Estado de São Paulo.

Outro lado: Alckmin divulgou nota e disse que "jamais pedi recursos irregulares em minha vida política nem autorizei que o fizessem em meu nome. Jamais recebi um centavo ilícito. Da mesma forma, sempre exigi que minhas campanhas fossem feitas dentro da lei".

Temer - Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadćo Conteśdo - Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadćo Conteśdo
Imagem: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadćo Conteśdo

Michel Temer (PMDB)

O presidente Michel Temer não teve pedido de abertura de inquérito pela PGR. A Constituição não permite que o presidente seja investigado por atos fora de seu cargo. Porém, nos ombros dele, pesam acusações feitas por delatores da Odebrecht agora reveladas.

Temer é citado por seis delatores que relatam que o presidente participou de uma reunião no Palácio do Jaburu, em maio de 2014, onde teria sido negociado um repasse de R$ 10 milhões para financiar a campanha. Outros dois delatores relatam que Temer participou de uma reunião, em julho de 2010, organizada para "abençoar" o pagamento de propina no valor de US$ 40 milhões para o PMDB. Participaram dessa reunião, além de Temer, os ex-deputados federais Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves.

Apesar de dizer que não tem a intenção de disputar a reeleição em 2018, nada impede o PMDB de lançar o nome do presidente na disputa.

Outro lado: Em um vídeo, o presidente Temer confirma a reunião, mas nega que tenha negociado valores. "Nem nessa reunião nem em qualquer outra reunião que eu tenha feito ao longo de minha vida pública com qualquer pessoa física ou jurídica. Jamais colocaria a minha biografia em risco", disse.

Eduardo Paes - José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo - José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo

Eduardo Paes (PMDB)

Outro nome do PMDB sempre lembrado para uma disputa presidencial é o do ex-prefeito do Rio Eduardo Paes. Ele será investigado após delatores da Odebrecht relatarem que ele recebeu cerca de R$ 15 milhões em propina de obras das Olimpíadas do Rio. Apelidado de "nervosinho" na planilha da construtora, Paes recebeu parte do valor (R$ 5 milhões) por meio de contas no exterior, segundo delatores. 

Outro lado: Paes diz que a a acusação é absurda e mentirosa e afirma que jamais aceitou vantagens indevidas de empresas.

(Com informações da DW)