Bancada do PSDB defende renúncia de ministros tucanos quando áudio for divulgado
O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Trípoli (SP), informou nesta quinta-feira (18) que a bancada pedirá que os ministros tucanos deixem seus cargos no governo federal caso as denúncias contra o presidente Michel Temer (PMDB) sejam confirmadas. Ele não quis adiantar se os deputados da sigla vão defender eleições indiretas. O presidente é acusado de ter dado o aval para negociar a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O PSDB conta atualmente com quatro ministros no governo: Antonio Imbassahy (Governo), Bruno Araújo (Cidades), Luislinda Valois (Direitos Humanos) e Aloysio Nunes Ferreira (Relações Internacionais).
Segundo o deputado João Gualberto (PSDB-BA), na reunião da bancada, ficou definido que todos os ministros tucanos vão renunciar assim que o áudio de Temer for divulgado.
Informações de que o ministro Bruno Araújo já teria entregue o cargo não foram confirmadas por sua assessoria de imprensa.
"Coerência"
O deputado federal João Gualberto (PSDB-BA), um dos nove parlamentares tucanos que protocolaram pedido de impeachment de Temer, afirmou que o partido "tem que ter coerência" diante da crise política causada pela delação do dono da JBS, Joesley Batista, que atingiu em cheio o presidente.
"O PSDB praticamente ficou à frente do impeachment de Dilma [Rousseff, ex-presidente deposta no ano passado]. Não pode ser diferente agora", declarou.
"No processo de impeachment, ele vai ter direito de defesa. Mas não é possível que ele não renuncie", disse.
Entenda as acusações
De acordo com informações divulgadas pelo jornal "O Globo" nesta quarta-feira (17), Joesley Batista, um dos donos da JBS, encontrou Temer no dia 7 de março no Palácio do Planalto. O empresário teria registrado a conversa com um gravador escondido. Batista disse ter contado a Temer que estava pagando ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao lobista Lúcio Funaro para ficarem calados. O presidente, segundo o empresário, responde: "Tem que manter isso, viu?".
Em nota publicada ontem, Temer confirmou o encontro, mas disse que "jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha" e negou ter participado ou autorizado "qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar".
No caso do Aécio, ele foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Batista. O empresário entregou um áudio à Procuradoria-Geral da República em que o tucano pede a quantia, sob o pretexto de pagar as despesas com sua defesa na Operação Lava Jato.
Hoje, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin proibiu Aécio de exercer as funções de senador. A Procuradoria-Geral da República também pediu a prisão do tucano, mas Fachin, responsável pela Lava Jato na Corte, negou o pedido. A irmã de Aécio, Andrea Neves, foi presa.
José Eduardo Alckmin, um dos advogados do tucano, afirmou que o senador está "inconformado e surpreso" com as acusações de que teria pedido R$ 2 milhões a Batista. Ele confirmou o pedido, mas disse se tratar apenas um empréstimo pessoal e que houve uma "descontextualização" da fala de Aécio na gravação.
O STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou abertura de inquérito contra o presidente Michel Temer. O pedido foi feito pela PGR (Procuradoria-Geral da República) por obstrução de Justiça.
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