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Em 8 anos, JBS doou quase meio bilhão de reais a políticos e partidos

Joesley Batista, dono da J&F, empresa que controla a JBS - Zanone Fraissat - 7.fev.2017/Folhapress
Joesley Batista, dono da J&F, empresa que controla a JBS Imagem: Zanone Fraissat - 7.fev.2017/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

18/05/2017 04h00

A JBS doou ao menos R$ 463,4 milhões a políticos e partidos nas eleições de 2006, 2008, 2010 e 2014, de acordo com levantamento publicado pelo UOL em janeiro de 2015.

Segundo reportagem do jornal "O Globo" publicada nesta quarta (17), o dono da empresa, Joesley Batista, acusou o presidente Michel Temer (PMDB) de autorizar a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Temer também teria indicado o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para interferir a favor da holding J&F, que controla a JBS, em uma disputa financeira com o governo. O presidente nega envolvimento no assunto. Loures está em Nova York, e sua assessoria informou que ele vai se inteirar do assunto quando retornar ao Brasil.

De acordo com a publicação, as informações fazem parte de uma delação de Joesley que ainda não foi homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). O depoimento do empresário foi dado à PGR (Procuradoria-Geral da República) em abril.

Empréstimos bilionários do BNDES

No começo de 2015, o valor doado pela JBS a campanhas eleitorais equivalia a 18,5% dos R$ 2,5 bilhões que a empresa já havia tomado emprestado do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Em 2006, um ano após o início dos empréstimos, foram R$ 12 milhões em doações. Quatro anos depois, foram R$ 63 milhões, e, em 2014, R$ 366,8 milhões, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

No começo de 2015, a JBS negou ao UOL que houvesse relação entre as doações a políticos e partidos e os empréstimos tomados junto ao BNDES. Já o banco disse, naquele momento, que os critérios adotados para a concessão dos empréstimos foram "impessoais e de natureza técnica".

Mantega teria favorecido JBS no BNDES

Segundo a reportagem de "O Globo", Joesley disse que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega era seu contato no PT para a distribuição de propina a petistas e aliados. Mantega também atenderia a interesses da JBS e da J&F no BNDES.

Já o ex-ministro chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, foi contratado pela JBS como consultor e atuava como uma espécie de orientador do empresário no meio político. Segundo Joesley, Palocci não se envolveu nos pedidos de suas empresas no BNDES, mas pediu doação de campanha ao PT via caixa dois. De acordo com "O Globo", o pedido foi atendido.

Adriano Bretas, advogado de Palocci, afirmou que pedir doação de campanha trata-se de "ato político absolutamente corriqueiro. Se a doação foi feita, resta saber se foi declarada".

Ele também reiterou que o ex-ministro "jamais se envolveu nos empréstimos do grupo JBS perante o BNDES".

Guido Mantega foi procurado pela reportagem do UOL, mas não se manifestou.