Um grupo de cerca de 50 manifestantes black bloc e PMs se enfrentaram na noite desta quinta-feira (18) em manifestação que pede a saída do presidente Michel Temer no centro do Rio. O confronto começou por volta das 20h15. Os policiais lançaram bombas de gás lacrimogêneo e o protesto foi dispersado. Um manifestante sofreu ferimentos na perna e foi socorrido na região. Até então o ato corria de forma pacífica.
A confusão começou bem em frente ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Policiais do Batalhão de Choque cercaram a Cinelândia e lançaram muitas bombas. A polícia montou barricada em uma rua perpendicular à avenida Rio Branco, ao lado do Museu de Belas Artes.
Por volta das 20h, pouco depois de o ato chegar à Cinelândia, o grupo de black blocs começou a bater boca com sindicalistas que haviam parado o carro de som em frente ao Theatro Municipal. Os dois lados chegaram a discutir e os black blocs se afastaram do carro.
Na sequência, a PM começou a disparar bombas de gás contra a multidão --não é possível precisar quem disparou a primeira bomba. Os black blocs montaram barricadas e foram contra a polícia, lançando de volta as bombas jogadas pela PM. Cerca de 20 minutos depois, a PM cercou a praça e começou a lançar bombas de gás por toda a área, dispersando a multidão, que correu em direção ao bairro da Lapa.
Manifestantes gritaram: "Não acabou, tem que acabar. Eu quero o fim da policia militar."
Eles cantaram "olé olá, diretas já! Fora Temer!". Silvia Mendonça, que integra o Movimento Negro Unificado, ajudava a carregar o caixão e gritava: "Essa alma merece ser exterminada". O caixão foi trazido por um grupo que reuniu os movimentos negro, LGBT e feminista. "Quem carrega o caixão são os braços que mais sofrem", diz Silvia.
Por volta das 19h10, milhares de manifestantes, que se concentraram na Igreja da Candelária, no centro da capital fluminense, tomavam a avenida Rio Branco e se deslocavam sentido Cinelândia. Às 18h, os manifestantes haviam fechado duas faixas da avenida Presidente Vargas, sentido Central do Brasil, e o cruzamento com a avenida Rio Branco.
Manifestantes mascarados também acompanharam a passeata. O ator Wagner Moura e o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol) participaram do ato.
Além dos cartazes de Fora Temer, havia bandeiras da CTB, UJS, PCdoB, CUT, First e do movimento Povo Sem Medo. Palavras de ordem como "eu já falei, vou repetir, é o povo que tem que decidir" foram embaladas por percussionistas.
Para o militante Ventura, 60, que foi ao ato com uma faixa em que se lia "Diretas Já", a queda do presidente Michel Temer é inevitável e é preciso debater uma mudança constitucional. "Esse Congresso contaminado não tem condições de eleger um presidente. Precisamos dissolvê-lo e convocar eleições gerais", afirmou.
"Não mais sobre 'Fora Temer', mas sobre 'Diretas Já'."
Vaias durante pronunciamento de Temer
Em um bar na Cinelândia, também na região central, frequentadores que acompanharam o pronunciamento de Temer na tarde de hoje vaiaram quando o presidente afirmou, em discurso transmitido ao vivo por emissoras de TV, que não renunciaria ao cargo (assista o vídeo abaixo).
Em outros pontos da cidade, também houve panelaços e gritos contra Temer durante o pronunciamento. Havia expectativa de que o presidente renunciasse, mas Temer afirmou que não teme nenhuma delação e que não vai renunciar.
Os panelaços foram ouvidos em bairros da zona sul, como Ipanema e Humaitá, e também na Barra da Tijuca, na zona oeste. Pelas janelas e mesmo na rua, pessoas gritaram palavras de ordem contra o presidente - "Fora Temer" foi a mais comum.
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