Moro marca segundo interrogatório de Lula para setembro
O juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, marcou para as 14h de 13 de setembro, uma quarta-feira, o segundo interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O processo em que Lula é réu está ligado a esquemas de corrupção envolvendo oito contratos entre a empreiteira Odebrecht e a Petrobras, que teriam gerados desvios de cerca de R$ 75 milhões. Parte do dinheiro estaria ligada à aquisição de um terreno que receberia a sede do Instituto Lula e à compra de um apartamento vizinho à cobertura onde mora o ex-presidente, em São Bernardo do Campo (SP). Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O primeiro interrogatório do petista, realizado em 10 de maio, foi dentro da ação envolvendo vantagens indevidas em contratos da Petrobras com outra empreiteira, a OAS. Lula foi condenado por Moro nesse processo no último dia 12 de julho a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
No despacho em que marcou o interrogatório, Moro ofereceu à defesa de Lula a possibilidade de que a oitiva seja feita por videoconferência com a Justiça Federal de São Paulo.
O juiz justifica a posição dizendo que o primeiro interrogatório "acabou envolvendo gastos necessários, mas indesejáveis de recursos públicos com medidas de segurança".
Em 10 de maio, cerca de 1.700 policiais militares --8% do efetivo da PM no Paraná-- cercaram e controlaram o acesso à sede da Justiça. A operação, que teve início nas primeiras horas da manhã e foi até o fim da noite, custou por volta de R$ 110 mil.
O UOL procurou a defesa de Lula sobre a proposta de o interrogatório ser por videoconferências, mas ainda não há um posicionamento oficial.
Outros réus
Na mesma audiência em que Lula será interrogado, também será ouvido Branislav Kontic, ex-assessor do ex-ministro Antonio Palocci e também réu no processo.
Na semana anterior, serão interrogados os outros seis réus na ação penal. Para as 14h de 4 de setembro estão marcadas audiências com Marcelo Bahia Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht, Demerval de Souza Gusmão Filho, dono da construtora DAG, e Paulo Ricardo Baqueiro de Melo, ex-executivo da Odebrecht.
Já em 6 de setembro, às 14h, serão ouvidos Palocci, Roberto Teixeira, um dos advogados de Lula, e Glaucos da Costa Marques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, já condenado por Moro na Lava Jato e tido como amigo do ex-presidente Lula. Costa Marques é dono do apartamento vizinho à residência do petista.
Para que os interrogatórios pudessem ser marcados, o juiz precisava definir as datas das audiências com as últimas testemunhas de audiência do petista. Restam apenas duas neste momento. Uma delas está agendada para a tarde de sexta-feira (21) e a outra, por motivos de viagem da testemunha, só será realizada em 30 de agosto, como definiu Moro nesta quinta.
Por esse motivo, os interrogatórios, que deveriam acontecer em agosto, ficaram para setembro.
Primeiro interrogatório
Fatores externos tornaram a data do primeiro interrogatório do ex-presidente da República a Moro alvo de polêmicas. Inicialmente, ele estava marcado para 3 de maio. Porém, a PF (Polícia Federal) e a Secretaria de Segurança do Paraná solicitaram que a data fosse alterada.
A justificativa era de que caravanas em apoio e contra o petista estavam se deslocando para a capital paranaense a fim de acompanhar, obviamente do lado de fora do prédio da Justiça Federal, o depoimento. Isso demandaria uma preparação e um esquema de segurança maiores, segundo a PF e a secretaria.
Moro, então, decidiu adiar o depoimento para 10 de maio. O juiz ainda foi às redes sociais pedir para que os apoiadores da Lava Jato não fossem a Curitiba. "Esse apoio sempre foi importante, mas nessa data ele não é necessário. Tudo que se quer evitar é alguma espécie de confusão e conflito. Minha sugestão: não venham, não precisa. Deixe a Justiça vai fazer o seu trabalho".
Enquanto isso, Lula dizia que estava ansioso pelo depoimento e que quem marcava data “era o Moro”. Apoiadores do petista reagendaram os atos para o novo dia do interrogatório e ficaram na praça Santos Andrade ao longo de toda a quarta-feira. A eles, Lula disse após o depoimento: "eu não quero ser julgado por interpretações, eu quero ser julgado por provas".
O interrogatório de Lula durou quase cinco horas e foi um dos mais longos registrados entre todos os já feitos nos processos da Lava Jato. Entre discursos políticos, defesas, contradições e embates, uma constante no interrogatório foram as críticas de Lula aos procuradores da Lava Jato: “Power Point mentiroso”.
Terceiro interrogatório?
Moro e o ex-presidente ainda poderão ter um terceiro encontro como juiz e réu dentro da Lava Jato. Em 22 de maio, o MPF (Ministério Público Federal) ofereceu uma terceira denúncia contra Lula, acusando-o pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso envolvendo o sítio em Atibaia (SP).
Segundo os procuradores, o imóvel passou por reformas custeadas pelas empresas Odebrecht, OAS e Schahin em benefício do petista e de sua família. Em troca, os três grupos teriam sido favorecidos em contratos com a Petrobras.
Moro ainda não decidiu se acolhe ou não os novos argumentos da força-tarefa da Lava Jato. Caso aceite a denúncia do MPF, o juiz tornaria Lula réu pela terceira vez na Lava Jato. Nesse processo, também seria necessária a realização de um novo interrogatório ao final da ação penal.
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