Sob protestos, Lava Jato pode ganhar seu 9º prêmio nesta quinta no Canadá
A força-tarefa do MPF (Ministério Público Federal) na Operação Lava Jato pode conquistar sua nona premiação na noite desta quinta-feira (28). O grupo é um dos três finalistas do prêmio Allard, promovido pela University of British Columbia, do Canadá. Caso os procuradores saiam vencedores da disputa, que homenageia pessoas ou grupos que atuam contra corrupção, este será o terceiro prêmio internacional conquistado pelos procuradores desde o início da força-tarefa, em 2014.
A cerimônia, porém, deve ser alvo de protestos. Grupos contrários à Lava Jato têm enviado mensagens à direção do prêmio criticando o fato de o grupo de procuradores ser um dos três finalistas. Eles também prometem protestos no campus da universidade, em Vancouver, onde será realizada a premiação. Temendo atos violentos, a organização diz que haverá um esquema de segurança no local.
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O MPF diz que todos os 12 procuradores foram convidados, mas, por enquanto, apenas Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa, e Paulo Roberto Galvão têm presença confirmada no evento. O deslocamento deles ao Canadá foi pago pela direção do prêmio.
Até agora, a Lava Jato conquistou um prêmio em 2015, cinco em 2016 e dois neste ano. Desses, dois são de âmbito internacional. Um foi concedido em dezembro do ano passado pela ONG (organização não governamental) Transparência Internacional e outro, há dois anos, pela GIR (Global Investigations Review), um veículo de comunicação focado em investigações.
Confira os prêmios já conquistados pela Lava Jato:
- GIR (Global Investigations Review), em 2015, na categoria “Órgão de Persecução Criminal ou Membro do Ministério Público do Ano”
- 4.º Prêmio República, da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), em 2016: prêmio especial, hors concours, de combate à corrupção
- Prêmio Ajufe (Associação dos Juízes Federais) do Brasil, em 2016, na categoria “Boas Práticas de Gestão para a Eficiência da Justiça Federal”
- Prêmio do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), em 2016, na categoria “Redução da Corrupção”
- Prêmio Anticorrupção da Transparência Internacional, em 2016
- Prêmio Innovare, em 2016, na categoria “Ministério Público”
- Prêmio Pinheiro de Ouro, da Fiep (Federação das Indústrias do Paraná), em 2017, em conjunto com Polícia Federal, Justiça Federal e Receita Federal
- Diploma de Mérito do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), em 2017
Nenhuma dessas premiações envolveu pagamento em dinheiro, que é justamente o caso do Allard. Se vencer, o grupo da Lava Jato terá direito a 100 mil dólares canadenses, o equivalente a cerca de R$ 256 mil.
“É interessante que, por ser um órgão público, eles terão que doar o dinheiro”, observa Nicole Barret, diretora-executiva do prêmio Allard em entrevista por telefone ao UOL. Não há a confirmação oficial de qual entidade seria beneficiada, mas a Transparência Internacional no Brasil receberia a verba.
O prêmio Allard é entregue a cada dois anos para grupos ou pessoas que promovam “ações contra a corrupção e fomento dos direitos humanos”.
Os primeiros vencedores foram o ativista indiano Anna Hazare, em 2013, por sua atuação em busca da transparência e contra a corrupção em seu país, e os jornalistas John Gitongo e Rafael Marques de Morais, em 2015, por expor casos de corrupção em seus países, o Quênia e Angola, respectivamente. Para a premiação deste ano, houve o registro de 244 candidaturas de 70 países.
Concorrentes
Além da força-tarefa da Lava Jato, duas mulheres também disputam o prêmio: Khadija Ismayilova e Azza Soliman.
Ismayilova, jornalista no Azerbaijão, escreve sobre corrupção e abuso de poder. Há três anos, ela foi sentenciada a sete anos e meio de prisão por evasão de divisas e abuso de poder, mas ganhou a liberdade no ano passado com a condição de não viajar para fora do país sem autorização oficial.
Com seu trabalho, ela revelou, em 2010, um esquema de corrupção envolvendo o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev. A esposa e os filhos do presidente tinham propriedades imobiliárias nos Emirados Árabes Unidos no valor de US$ 44 milhões. Acredita-se que seu julgamento tenha sido motivado por questões políticas.
Já Soliman, uma advogada que atua em prol dos direitos humanos das mulheres no Egito, foi acusada de fazer um protesto não autorizado e de atentados à ordem pública após depor contra um policial que, durante uma manifestação, matou uma defensora dos direitos humanos das mulheres. Em resposta, ela fundou a “Coalisão de Proteção a Testemunhas e Denunciantes” que tem como objetivo a promoção do estado de direito.
Soliman está proibida pelo governo de viajar para fora do Egito. Ela também sofre o bloqueio dos serviços de sua firma de advogados e o congelamento de seu próprio patrimônio.
A cerimônia de premiação está marcada para as 18h30, hora local (22h30, em Brasília), no auditório da University of British Columbia, no campus de Vancouver, e será conduzida pelo jornalista americano Glenn Greenwald, que divulgou, em 2013, informações fornecidas pelo analista de sistemas Edward Snowden sobre esquemas de vigilância feitos pela NSA (sigla, em inglês, para Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos).
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