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Moro pede registro de visitantes de hospital onde recibos de Lula teriam sido assinados

Pedro Ladeira - 24.abr.2017/Folhapress
Imagem: Pedro Ladeira - 24.abr.2017/Folhapress

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

02/10/2017 12h56Atualizada em 17/10/2017 23h26

O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância, deu prazo de cinco dias para que o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, diga quem visitou o engenheiro Glaucos da Costamarques durante sua internação, entre novembro e dezembro de 2015. Costamarques é réu ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma ação sobre um esquema de corrupção envolvendo oito contratos entre a empreiteira Odebrecht e a Petrobras.

Nesta segunda-feira (2), Moro atendeu pedido da defesa de Costamarques, que diz ter recebido uma visita de Roberto Teixeira, advogado de Lula e também réu no processo, durante sua internação. Teixeira teria informado, na ocasião, que o aluguel do apartamento vizinho ao em que vive Lula, de propriedade do engenheiro, seria pago.

Costamarques também afirma que, durante sua internação, recebeu o contador João Muniz Leite, que atuaria com Teixeira. Nesse encontro, ele diz ter assinado, de uma única vez, todos os recibos da locação do apartamento entre fevereiro de 2011 e novembro de 2015.

O engenheiro diz que nunca recebeu os valores sobre o aluguel referentes a esse período, apenas de 2015 em diante. O contrato de locação estava no nome da ex-primeira-dama Marisa Letícia, que faleceu em fevereiro deste ano.

Costamarques seria um "laranja" usado pela Odebrecht para a aquisição do apartamento, segundo o MPF (Ministério Público Federal). Ele é primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente, condenado a nove e dez meses de prisão por Moro.

Na última segunda-feira (25), a defesa do ex-presidente Lula apresentou recibos de pagamentos do aluguel do imóvel, mas eles traziam datas inexistentes, erros de português e não englobavam todos os meses do período da locação.

Além do período de internação do engenheiro, Moro pede que o hospital informe se mantém registro dos visitantes do paciente, destacando se houve visitas de Teixeira e Leite.

A reportagem procura o contador em sua empresa desde a última sexta-feira (29), mas não obteve retorno até agora.

Interrogado por Moro em 19 de setembro, Teixeira confirmou que teve um encontro com Costamarques no hospital, mas não em 2015, e sim em 2016, e disse que foi casual, negando a versão do engenheiro.

Ao UOL, o hospital disse, por meio de nota, que “é uma entidade que preza pela saúde e bem-estar e, por razões éticas, não fornece informações sobre seus pacientes". A assessoria diz que o hospital ainda não foi notificado sobre a decisão de Moro.

Na última quinta-feira (28), em função das polêmicas em torno da autenticidade dos recibos, a defesa do ex-presidente Lula sugeriu que os documentos fossem periciados. Os defensores do petista dizem que "a quitação outorgada pelos recibos de aluguéis é a prova mais plena de pagamento prevista em lei". "A defesa apresentou a prova com a segurança de  que os documentos foram assinados pelo emissor dos recibos e também que são contemporâneos aos fatos. Quem assinou os recibos também reconhece ser o proprietário do imóvel, adquirido com recursos próprios e por meio de cheques administrativos", disse o advogado Cristiano Zanin Martins, que lidera a defesa de Lula, em nota.

Os defensores do ex-presidente ainda apontam que, "se houver questionamento de qualquer outra natureza, que seja feita uma perícia nos documentos, que certamente irá confirmar a idoneidade do material recolhido".

As outras partes do processo não fizeram o pedido por uma perícia dos recibos até agora.

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