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Julgamento de Lula é "fato político" contra sua candidatura, diz Gleisi

A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, em Porto Alegre - Jefferson Bernardes/AFP
A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, em Porto Alegre Imagem: Jefferson Bernardes/AFP

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

13/01/2018 19h14Atualizada em 13/01/2018 20h19

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do PT, disse neste sábado (13) em Porto Alegre que o Poder Judiciário quis "criar um fato político" ao marcar o julgamento da apelação do chamado caso do tríplex, no qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é réu, para o dia 24. O PT e a defesa de Lula criticaram a suposta rapidez com que o julgamento foi marcado.

"Na realidade, o Judiciário pretendia, em marcando [o julgamento] para o dia 24, criar um fato político, que era dizer que Lula não poderia ser candidato, e espalhar isso na sociedade brasileira", afirmou a senadora a jornalistas antes de ato público no Parque da Redenção.

Lula será julgado em segunda instância pela 8ª Turma do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), sediado em Porto Alegre. Uma condenação no tribunal pode torná-lo inelegível pelos critérios da Lei da Ficha Limpa e até mesmo levá-lo à prisão. O petista tem liderado pesquisas de intenção de voto para presidente nas eleições deste ano.

Na primeira instância, Lula foi condenado pelo juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná, a nove anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A defesa do ex-presidente nega que haja provas dos delitos e diz que evidências de sua inocência foram ignoradas.

Procurado pelo UOL, o TRF-4 informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o presidente da Corte, desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, já respondeu a defesa de Lula sobre o andamento do processo do tríplex. Segundo o TRF-4, praticamente metade das apelações criminais julgadas em 2017 tramitaram em prazo similar ao do caso que envolve o ex-presidente. 

Ainda segundo o tribunal, questões de suspeição sobre magistrados da corte "já foram enfrentadas" pela 8ª Turma e pela 4ª Seção, que reúne seis desembargadores. O TRF-4 também disse que questões eleitorais serão analisadas pela Justiça Eleitoral, e que o tribunal julga apenas a apelação criminal. 

"Devem estar arrependidos"

Após o anúncio da data do julgamento, a defesa de Lula questionou o TRF-4 sobre uma suposta "celeridade extraordinária" do processo. Para Gleisi, a "rapidez" do caso seria motivo de arrependimento para o Judiciário.

"O tiro saiu pela culatra. Eu acho que, se arrependimento matasse, eles refaziam esse calendário", disse. "Houve uma reação imensa da sociedade, do mundo jurídico, da intelectualidade, de artistas."

Sem citar nomes, a senadora disse ainda que "eles têm que ter cuidado com o que vão fazer" e que "estão muito acuados". 

"Por isso que eu disse que eles devem estar arrependidos de ter marcado esse julgamento. Porque, se eles queriam briga política, eles acertaram em chamar a briga política conosco. Porque na política nós sabemos brigar", declarou.

Senadora minimiza possível condenação 

Ao falar para a militância, Gleisi reafirmou que a Justiça age politicamente contra Lula e disse que, "se eles vêm e descem pro parquinho, para o play, eles têm que saber brincar".

A senadora também buscou minimizar o impacto eleitoral de uma eventual condenação de Lula. Ela citou o calendário eleitoral, que prevê o registro de candidaturas apenas em agosto, e disse que só a partir disso o nome de Lula como candidato poderia ser questionado.

"Nós também vamos pelear na Justiça. Não vamos ficar mansos", disse. "Nós não vamos aceitar que ele seja condenado, e Lula será candidato a presidente."

O ato do PT em Porto Alegre fez parte de uma série de eventos organizados pelo partido em todo o país neste sábado. A legenda convocou a militância a criar "comitês em defesa da democracia e de Lula".  

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