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Jungmann troca comando da PF após conversa com Temer

Rogério Galloro, que assumirá o comanda da Polícia Federal após saída de Segovia - ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO
Rogério Galloro, que assumirá o comanda da Polícia Federal após saída de Segovia Imagem: ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO

Luciana Amaral e Gustavo Maia*

Do UOL, em Brasília

27/02/2018 18h34Atualizada em 27/02/2018 21h27

O ministro Extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, demitiu nesta terça-feira (27) Fernando Segovia da direção-geral da Polícia Federal e convidou o atual secretário nacional de Segurança Pública, delegado Rogério Galloro, para assumir o cargo.

Por volta das 18h desta terça, Galloro se reuniu com toda a sua equipe na sede do Ministério da Justiça, em Brasília. 

A troca do comando da PF já era estudada havia alguns dias e foi definida após conversa de Jungmann com o presidente da República, Michel Temer (MDB). O ministro esperou para anunciar a decisão após tomar posse no Ministério da Segurança Pública – o que aconteceu nesta terça.

Galloro assumiu a Secretaria Nacional de Justiça, subordinada ao então Ministério da Justiça e Segurança Pública, em 22 de novembro do ano passado. Antes, era o número 2 da Polícia Federal na gestão do ex-diretor-geral Leandro Daiello.

Galloro também era o preferido do ministro da Justiça, Torquato Jardim, para comandar a Polícia Federal quando Daiello deixou o posto. Mas, naquele momento, Temer preferiu Segovia, indicado pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e pelo ex-presidente da República José Sarney. 

De acordo com um assessor de Temer, a mudança não foi motivada pelas polêmicas em que Segovia se viu envolvido nos últimos meses. Para ele, a troca tem caráter “político” de Jungmann querer trabalhar com uma nova equipe própria no ministério recém-criado.

Após uma série de polêmicas nas quais se envolveu, Segovia se comprometeu, no último dia 19, com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Roberto Barroso a não fazer qualquer manifestação pública sobre as investigações contra Temer. Desde então, ele não se pronuncia publicamente. Segundo o jornal "Folha de S.Paulo", Segovia foi pego de surpresa com o anúncio.

Discreto, Galloro tem perfil oposto ao de Segovia

O perfil de Rogério Galloro é visto por seus pares como o oposto de Fernado Segovia. Discreto, Galloro é um quadro técnico, respeitado pelos colegas e avesso a relações políticas. O nome de Galloro era considerado o "substituto natural" de Leandro Daiello, quando este deixou o comando da PF, em novembro. 

Em setembro, ele foi escolhido para integrar o comitê da Interpol. O cargo deu ao Brasil a chance de participar de um grupo restrito de países que discutem as regras mundiais em assuntos de polícia e segurança pública. Com experiência internacional, ele atuou como adido policial em Washington, entre 2011 e 2013.

Galloro se formou em direito em 1992 e fez MBA na FGV (Fundação Getúlio Vargas) em gestão de políticas de segurança pública e especialização pela UnB (Universidade de Brasília) em relações internacionais. É ex-aluno da Universidade de Harvard no Programa de Segurança Nacional e Internacional da Harvard Kennedy School.

Maia e associação de delegados se dizem surpresos 

Questionado sobre a mudança, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), se disse surpreendido pelo ato, acrescentando que se trata de uma decisão "muito pessoal" do novo ministro da Segurança Pública.

"De fato, para mim foi uma supresa. Eu acho que o Segovia é um bom quadro da Polícia, estava no início do seu trabalho e vinha começando um bom trabalho, mas se essa é a decisão do governo, é uma decisão exclusiva do governo", declarou.

Para o presidente da Câmara, a saída de Segovia pode ter sido motivada por ele ter "falado demais", mas defendeu o agora ex-diretor geral. "Se ele falou demais, muitos outros têm falado demais também, no Poder Judiciário e no Ministério Público. Não é uma prática dele falar demais. Falou uma vez e talvez esteja pagando o preço por isso", declarou.

"A gente foi pego de surpresa com a mudança. Sabíamos que a situação do diretor-geral era difícil por conta das declarações, desde o Carnaval, mas como houve as explicações e depois a sucessão de fatos nacionais como a intervenção no Rio e a mudança no Ministério, a gente entendeu que parecia que a coisa ia continuar com o doutor Segovia mesmo na direção-geral da Polícia", declarou ao UOL o presidente da ADPF (Associação Nacional de Delegados de Polícia Federal), Edvandir Paiva. (Colaborou Daniela Garcia)

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