Ao deixar comando da PF, Segovia elogia ministros e diz que "venceu"
Em discurso de despedida do cargo de diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia disse que “combateu o bom combate” e “venceu”, em referência à frase atribuída ao romano Júlio César. “Vim, vi e venci. É assim que me sinto. Combati o bom combate, terminei a corrida, mantive a fé”, disse Segovia ao deixar o cargo após três meses.
Nesta sexta-feira (2), o delegado e até então secretário nacional de Justiça, Rogério Galloro, tomou posse na direção-geral da PF no lugar de Segovia. Quando anunciado pelo mestre de cerimônias, Galloro foi aplaudido efusivamente pelos convidados presentes. Segovia também foi aplaudido, porém, não na mesma proporção.
Segovia iniciou o discurso agradecendo a Michel Temer pela oportunidade dada e pela “honra” de comandar a Polícia Federal, que tanto ama, disse. Segundo o ex-diretor-geral, a experiência será algo que levará para toda a vida pela “experiência intensa e extraordinária”.
Ele também aproveitou a oportunidade para criticar a suposição de que não se daria bem com o ministro da Justiça, Torquato Jardim. Isso porque foi noticiado que Segovia não era o preferido de Torquato para assumir a função. “Ao contrário do que a imprensa e outras pessoas pensam, nos damos muito bem”, afirmou.
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Em meio a falas de Jungmann de que queria alguém ao seu lado que já conhecesse e tivesse trabalhado junto, Segovia também ressaltou conhecer o ministro da Segurança Pública desde 2004, quando da campanha de desarmamento no país. Segovia afirmou que a missão de Jungmann à frente da nova pasta será “árdua e penosa”, mas ter certeza de que será comandada bem.
No discurso, Segovia também falou que “as pessoas passam, a instituição permanece”. Em relação à Operação Lava Jato, disse ser um exemplo dos esforços de sua gestão em incrementar as investigações com mais pessoal e equipamentos. Sem citar diretamente as críticas recentes, Segovia agradeceu à família e amigos que estiveram “torcendo e sofrendo” por ele e os chamou de “porto seguro” e “pedra fundamental que Jesus estabeleceu”.
Segovia foi demitido da direção-geral na última terça (27) pelo titular do recém-criado Ministério Extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, a quem a corporação agora é subordinada. Ele assumirá por três anos a função de adido policial na Embaixada do Brasil em Roma, com renda mensal bruta de R$ 56 mil.
Embora o Planalto justifique a troca dizendo que Jungmann tinha liberdade para determinar a própria equipe, a troca de Segovia por Galloro foi vista como necessária após desgastes. Recentemente, Segovia afirmou em entrevista que o inquérito dos Portos – que investiga o envolvimento do presidente da República, Michel Temer (MDB), entre outros, em suposto esquema de corrupção com empresas atuantes no porto de Santos (SP) – tenderia a ser arquivado e não havia provas de crimes.
A declaração fez o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e relator do caso na Corte, Luís Roberto Barroso, intimar Segovia a dar explicações, enquanto a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, chegou a sugerir o afastamento do ex-diretor.
Ao contrário da posse de Segovia, Temer não compareceu à de Galloro. O presidente viajou pela manhã para Sorocaba, em São Paulo, para a entrega de ambulâncias novas na cidade.
Em fala de cerca de apenas um minuto, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, afirmou que o trabalho conjunto dele com Segovia foi “muito mais profícuo e permanente do que terceiros querem acreditar”. Ele agradeceu Galloro pelo breve trabalho realizado e confirmou que a sede do Ministério Extraordinário da Segurança Pública será na sede da pasta da Justiça, em Brasília.
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