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Lula é autorizado a receber visitantes além da família; Gleisi e Wagner são os primeiros

Gleisi e Jaques Wagner deixam sede da PF em Curitiba após visitar Lula - Everson Bressan/Futura Press/Estadão Conteúdo
Gleisi e Jaques Wagner deixam sede da PF em Curitiba após visitar Lula Imagem: Everson Bressan/Futura Press/Estadão Conteúdo

Ana Carla Bermúdez e Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

03/05/2018 18h01Atualizada em 03/05/2018 19h09

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi visitado na tarde desta quinta-feira (3) pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e pelo ex-governador baiano Jaques Wagner (PT) depois de ganhar uma autorização para receber, a cada semana, duas pessoas que não sejam de sua família. A informação foi dada pela assessoria de comunicação da Polícia Federal no Paraná.

Lula apontou Gleisi como sua porta-voz horas antes de se entregar à Polícia Federal no dia 7 de abril. A senadora também é presidente do PT. Jaques Wagner, por sua vez, já foi cotado nos bastidores como eventual "plano B" do PT caso Lula não possa disputar as eleições de outubro. Oficialmente, o partido nega que haja qualquer debate sobre uma alternativa à candidatura do ex-presidente.

Gleisi e Wagner foram visitar Lula juntos dois dias depois de o ex-governador dizer que, se o ex-presidente não puder ser candidato, o PT pode lançar um nome para vice-presidente em uma chapa liderada por um candidato de outro partido, e que o presidenciável poderia ser Ciro Gomes, pré-candidato do PDT. A senadora, por sua vez, reagiu à declaração do colega dizendo que "Ciro não passa no PT nem com reza brava", segundo a Folha de S. Paulo.

Questionado sobre sua fala de terça (1º), Wagner afirmou nesta quinta que Lula o “conhece muito”. “Eu vou com ele [Lula] até o final da linha. Agora, se acontecer a interdição dele, a gente vai discutir lá na frente. Por enquanto, nem ele discute isso aqui”, disse. Já Gleisi declarou que “Ciro não é pauta do PT, nem da conversa”.

Processos não foram assunto, diz Gleisi

Após a visita, Gleisi disse a jornalistas que a juíza federal Carolina Lebbos, que cuida do processo de execução penal de Lula, decidiu autorizar a Polícia Federal a "negociar um horário" com interessados em visitar o ex-presidente.

No dia 25, a magistrada decidiu que novos pedidos de visitas deveriam ser feitos diretamente à PF, e somente seriam analisados pela Justiça caso fossem negados. 

Segundo a PF, os nomes dos visitantes são encaminhados pela defesa do ex-presidente. As pessoas que não são parentes de Lula poderão visitá-lo no mesmo dia da família, às quintas, por uma hora. O período deve ser dividido entre os dois visitantes; eles não podem estar com o ex-presidente ao mesmo tempo.

Gleisi relatou que se reuniu com Lula por cerca de 45 minutos. Depois, o ex-presidente recebeu Jaques Wagner. Segundo ela, na semana que vem, outras duas pessoas devem visitar Lula, mas isto ainda não está decidido.

A senadora afirmou que não conversou com o ex-presidente sobre os processos que tramitam na Justiça contra ele, mas que dialogaram sobre o Brasil “o tempo inteiro”.

"[Lula] tem lido muito, tem procurado se informar, tem feito análises do que ele fez enquanto presidente e do que ele pode fazer agora", disse.

Gleisi afirmou que Lula está “desconjurado” com a situação da economia brasileira. “Ele não pode acreditar que a economia chegou a tal ponto”, disse a senadora.

Ainda segundo Gleisi, Lula pediu para que ela manifestasse a solidariedade do petista para as famílias do edifício Wilton Paes Almeida, que desabou em São Paulo na madrugada desta terça (1º).

Pedidos vinham sendo negados

Até agora, Lula só recebeu visitas de parentes, que podem encontrá-lo uma vez por semana; de integrantes da Comissão de Direitos Humanos do Senado, no dia 17; e de seus advogados, que têm a prerrogativa legal de vê-lo diariamente.

Pedidos de visita a Lula têm sido constantes desde a prisão do ex-presidente, ocorrida no dia 7. De lá para cá, políticos pediram para ver o petista, mas as solicitações foram seguidamente negadas pela juíza.

Em um dos casos mais rumorosos, a magistrada não autorizou a visita de uma comitiva de nove governadores sob o argumento de que não havia "fundamento para a flexibilização" das regras de visitação definidas pela Polícia Federal --Lula cumpre pena no prédio da Superintendência da PF em Curitiba.

Na quarta (2), a Câmara dos Deputados abriu processo no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a decisão da juíza de impedir uma comissão externa de parlamentares de visitar Lula. A Casa alega que houve violação ao princípio de separação de Poderes. Ela vetou a visita sob a justificativa de que não havia motivação para a diligência.

Além dos políticos, personalidades como o ativista argentino Adolfo Pérez Esquivel, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1980, e o cantor e compositor Martinho da Vila pediram para visitar Lula, sem sucesso.