Depoimento tem Palocci sorridente, "Zelotes sem Ibope" e brincadeiras
O depoimento do ex-ministro Antonio Palocci como testemunha em um processo em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é réu foi marcado por alguns momentos de descontração ao longo de suas quase duas horas. Essa também foi a primeira aparição pública de Palocci desde que deixou a prisão em Curitiba para cumprir sua pena em regime semiaberto.
Ele foi ouvido nesta quinta-feira (6) como testemunha de acusação do MPF (Ministério Público Federal) no processo que apura benefícios a montadoras automobilísticas em razão da edição de uma Medida Provisória. Palocci esteve na 5ª Vara Federal em São Paulo para participar da videoconferência com a Justiça Federal no Distrito Federal, onde tramita a ação.
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Durante toda sua estada na Justiça Federal em São Paulo, Palocci mostrou tranquilidade. Sorriu para os presentes em diversos momentos e brincou sempre que a situação permitia. Em uma delas, um dos advogados em Brasília não aparecia no vídeo, o que gerou uma movimentação na câmera na sala na capital federal. “Agora estou vendo o lugar, mas sem o senhor”, comentou, para risos dos presentes.
Em duas oportunidades, a conexão da videoconferência caiu. Nesses momentos, os advogados também se divertiram, brincando que nenhum deles tinha chutado nenhum fio. O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, e Palocci chegaram a rir nessas ocasiões.
Durante a primeira interrupção, quando os equipamentos ainda eram ajustados, o representante do MPF (Ministério Público Federal), procurador Frederico Paiva, que estava em Brasília, perguntou o contato do advogado de Palocci, Tracy Reinaldet, que estava em São Paulo.
O defensor começou a falar o seu número de celular, citando o código de área de Curitiba, até que resolveu pedir a um colega que estava na capital federal para fornecer o número ao procurador. “O senhor pode fornecer ao colega procurador meu celular?”.
O advogado em Brasília que forneceu o número ao procurador fez referência aos jornalistas que acompanhavam o depoimento em tempo real na capital federal e em São Paulo. Reinaldet, então, agradeceu a “preocupação” em manter sigilo sobre seu número, ao passo em que o procurador disse que a “Zelotes já teve mais Ibope”. “Não tem tanta gente assim, não”, brincou Paiva.
A referência à imprensa gerou mais risos. Palocci e os advogados presentes na sala de videoconferência em São Paulo riram juntos com os jornalistas que acompanhavam a audiência.
A tensão imperou enquanto as defesas dos réus criticavam o fato de Palocci ter falado de uma Medida Provisória que não era objeto do processo. Era sobre a MP em que o ex-presidente Lula teria acertado um valor em propina que atenderia interesses de seu filho a respeito de um evento esportivo. Nesse momento, a reportagem do UOL sobre o depoimento em andamento do ex-ministro foi citada como argumento por um dos advogados em Brasília.
“Eu vou trazer mais uma questão de ordem. Primeira notícia do UOL neste momento: ‘Palocci diz que filho de Lula recebeu propina durante negociação de MP’. Não é possível que alguém que não seja tratado nessa ação penal seja tratado nessa ação penal”, disse. “Quero convencer Vossa Excelência [o juiz] da necessidade de indeferir as perguntas que não fazem parte desse processo”.
Palocci na cadeira do juiz
Palocci foi um dos primeiros a chegar à 5ª Vara Federal em São Paulo, onde foi feita a videoconferência com Brasília. Ele chegou por volta das 9h10, dez minutos após o prédio da Justiça Federal ter sido liberado para acesso do público. Vestindo roupa social, sem gravata, com gel no cabelo e segurando uma pasta, ele aguardou por quase 40 minutos dentro da sala de videoconferência até a audiência começar, às 9h50.
Dentro da pasta, Palocci trouxe folhas com dados a respeito do processo. Antes de a audiência começar, ele fazia anotações nos papéis, junto com o documento com a denúncia do processo.
O ex-ministro ficou conversando com seu advogado a maior parte do tempo de espera. Ele também cumprimentou os jornalistas do UOL e da rádio CBN que estavam dentro da sala de audiência.
O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente Lula, réu no processo, também acompanhou a audiência de dentro da sala de videoconferência em São Paulo. Ao chegar, cumprimentou cordialmente Palocci, que fez acusações contra seu cliente em processos na Operação Lava Jato.
Por ser uma videoconferência, Palocci sentou-se na cadeira que seria ocupada por um juiz, de frente para um monitor que transmitia as imagens de Brasília. Como a captação do áudio estava prejudicada, ele passou para a mesa onde estavam os advogados dos réus.
Antes de sair do prédio da Justiça Federal, Palocci e seu advogado foram perguntados pelos jornalistas sobre questões relativas a processos e ao local onde está morando desde que deixou a prisão. O advogado disse que não haveria comentários e que o novo local de moradia seria mantido sob sigilo. Ele está vivendo em São Paulo desde o último dia 30, quando foi libertado da Superintendência da Polícia Federal por decisão do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região).
*Colaborou Felipe Amorim, do UOL, em Brasília
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