Topo

ONGs criticam Salles para o Meio Ambiente; grupo ruralista aprova

O advogado Ricardo Salles, futuro ministro do Meio Ambiente - Pedro Calado/Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo
O advogado Ricardo Salles, futuro ministro do Meio Ambiente Imagem: Pedro Calado/Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo

Flávio Costa e Alex Tajra

Do UOL, em São Paulo

09/12/2018 18h17

ONGs que advogam pela preservação ambiental criticaram neste domingo (9) a indicação do advogado Ricardo Aquino Salles para o MMA (Ministério do Meio Ambiente) da futura gestão de Jair Bolsonaro (PSL). Por sua vez, a Sociedade Rural Brasileira aprovou a escolha do ex-secretário de Geraldo Alckmin para compor o primeiro escalão da Esplanada.

Salles assumirá a pasta no momento em que o desmatamento da Amazônia voltou a crescer e atingiu o maior patamar da última década. Filiado ao Partido Novo, ele concorreu sem sucesso ao cargo de deputado federal por São Paulo. 

Em entrevista ao jornal "Folha de S. Paulo", o futuro ministro afirmou que irá "preservar o ambiente sem ideologia".

Durante e depois da campanha, Bolsonaro criticou a atuação do Ibama, principal órgão de combate ao desmatamento. O presidente eleito chegou a afirmara que não iria mais permitir que fiscais do instituto continuassem "a multar a torto e a direito por aí".

Após a vitória eleitoral, chegou-se a aventar a possibilidade de fusão dos ministérios da Agricultura e Meio Ambiente, mas diante das críticas, ideia não foi levada adiante.

"Recado preocupante"

"O recado que nos chega é muito preocupante. Bolsonaro confirma que pretende transformar o MMA em uma subpasta subordinada à Agricultura e para tanto nomeou alguém ligado a ruralistas para cumprir essa função", afirma o coordenador de políticas públicas do Greenpeace, Márcio Astrini.

desmatamento amazônia - Getty Images - Getty Images
Desmatamento da Amazônia voltou a crescer
Imagem: Getty Images
"São terríveis, por exemplo, os efeitos para a luta contra o desmatamento da Amazônia. O presidente eleito passa uma mensagem positiva aos que cometem crimes ambientais de que eles podem continuar desmatando", acrescenta.

Já o Observatório do Clima, rede formada por várias organizações da sociedade civil que trata do tema das mudanças climáticas, emitiu nota em que destaca que Salles é réu por improbidade administrativa em uma ação ambiental

"Se por um lado contorna o desgaste que poderia ter com a extinção formal da pasta, por outro garante que o MMA deixará de ser, pela primeira vez desde sua criação, em 1992, uma estrutura independente na Esplanada. Seu ministro será um ajudante de ordens da ministra da Agricultura."

Já a WWF-Brasil afirmou, também em nota, que o Ministério do Meio Ambiente "é uma pasta estratégica para o Brasil avançar com urgência como um país que busca o desenvolvimento sustentável, onde justiça social e prosperidade econômica caminham lado a lado com o uso racional dos recursos naturais."

Ruralistas aprovam futuro ministro

Para o diretor-executivo da Sociedade Rural Brasileira, João Adrien Fernandes, Salles é uma liderança política que tem “visão de gestão, de enxugar gastos uma boa competência para administrar a máquina pública”. “A gestão dele na secretaria de São Paulo foi interessante, fundiu algumas coisas, cortou gastos. Ele tornou as exigências ambientais mais objetivas e tirou o poder discricionário dos técnicos, além de criar um licenciamento rápido.”, afirmou Fernandes ao UOL.

João ainda descreveu Salles como muito próximo do setor produtivo e “extremamente comprometido com a legalidade”. Segundo Fernandes, essa postura pode ser importante para mapear focos de desmatamento ilegal na região amazônica.

“Salles foi atrás de desmatamento na Serra da Mantiqueira em São Paulo, ele tem esse negócio de querer acabar com a ilegalidade”, argumenta Fernandes.

A reportagem apurou ainda que, apesar de próximo dos ruralistas, Salles causa apreensão em alguns grupos do setor pela postura radical em alguns temas – o que mostra que sua gestão na pasta não deve ser pacífica com temas sensíveis