Pivô de crise e ignorado por Bolsonaro, Bebianno prepara nota em sua defesa
Pivô de uma crise do governo federal devido às candidaturas laranjas do PSL na campanha eleitoral de 2018 e ignorado hoje pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno (PSL), prepara uma nota para fazer sua defesa, apurou nesta tarde o UOL.
O texto deverá explicar suas responsabilidades como presidente do PSL e da Comissão Executiva Nacional do partido durante as eleições - ele era o responsável por autorizar repasses dos fundos eleitoral e partidário a candidatos da sigla. A nota também deverá mostrar o passo a passo, nas palavras de um assessor, do trâmite da autorização de verbas para candidatos do PSL.
O documento está sendo elaborado pelo ministro com a ajuda de assessores e advogados. A previsão é que seja divulgado até amanhã.
Bebianno se tornou pivô de uma crise no governo após reportagens da Folha de S. Paulo indicarem que o ministro teria autorizado o repasse de verbas do fundo partidário para uma candidata laranja em Pernambuco com o suposto apoio de Luciano Bivar, atual presidente da sigla e licenciado do cargo no período eleitoral.
Bebianno ainda teria liberado R$ 250 mil de verba pública para a campanha de uma ex-assessora, Érika Siqueira Santos. Parte do dinheiro foi repassada a uma gráfica registrada em endereço de fachada.
A crise se agravou ontem, após um dos filhos de Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), desmentir pelo Twitter o ministro, que dissera ter conversado com o presidente três vezes por telefone na terça (12). Carlos ainda divulgou áudio que comprovaria que o pai não falou com Bebianno. O post foi retuitado pela conta oficial do próprio presidente Bolsonaro.
Bebianno não encontra Bolsonaro
Apesar das expectativas, Gustavo Bebianno não foi ao Palácio da Alvorada hoje para conversar com Jair Bolsonaro. O presidente está de repouso na residência oficial em Brasília desde ontem, quando recebeu alta médica após cirurgia para reversão de colostomia em São Paulo.
Mesmo assim, o presidente recebeu ao longo do dia vários ministros, como Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Santos Cruz (Secretaria de Governo) e Paulo Guedes (Economia), e aliados, como o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL), entre outros. A reforma da Previdência foi uma das principais pautas de hoje.
Inicialmente, segundo a agenda oficial publicada no portal do governo, Bebianno tinha uma reunião com Onyx Lorenzoni no Palácio do Planalto às 11h, mas cancelou e acabou não aparecendo no gabinete. Ele só chegou no Planalto após o almoço, informou um assessor.
Até a última atualização desta reportagem, a nova agenda de Bebianno constava apenas "sem compromissos oficiais".
Crise é criticada internamente
Na avaliação de assessores do Planalto ouvidos pelo UOL, Carlos Bolsonaro tem se comportado de maneira infantil e inadequada. Eles afirmaram que a situação não precisava ganhar a dimensão atual nem chegar ao presidente como o ocorrido.
Totalmente deselegante. Virou um show de horrores
Assessor palaciano sobre a guerra entre Carlos e Bebianno
Outro, ao final da conversa com a reportagem, disse apenas "querer que a situação acabe logo".
Mais cedo, ao UOL, o vice-presidente, general Antônio Hamilton Mourão (PRTB), afirmou não ser bom que o caso seja discutido em público.
"Eu acho que não é boa essa exposição. Não é boa. Não faz bem. [...] Não é questão de ficar triste, né? É uma questão de que não é bom uma discussão dessas em público", declarou.
Questionado se o ditado popular "roupa suja se lava em casa" deveria ser melhor aplicado à realidade do governo, Mourão disse ser "mais ou menos por aí".
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